sábado, 24 de setembro de 2016

Contos e crônicas



Os significados diferentes de pichar

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Bom dia!
Que há vocábulos idênticos ou parecidos que se prestam a vários significados, amiga leitora, ninguém desconhece. A isso, os gramáticos chamam de homonímia e paronímia. Parônimos são palavras muito parecidas, no som, e de significação diversa. Exemplos: ratificar: confirmar; retificar: corrigir. Homônimas são palavras iguais na escrita ou na pronúncia e de significados diferentes.
Uma palavra homônima é pichar.
Primeiro significado desse vocábulo: maldizer algo ou alguém. Exemplo: o procurador pichou de propinocrata o ex-presidente. Nesse caso, temos também um neologismo, que é a palavra criada com base no substantivo propina, ou seja, benefício ilegal, mais o sufixo -crata, derivado de cracia, do grego kratía, que significa poder, força; o significado dado pelo procurador à palavra propinocrata é o de alguém que comanda o esquema do favorecimento financeiro ilegal. O vocábulo pichar é um homônimo homógrafo e homófono, ou seja, que possui a mesma grafia e o mesmo som de pronúncia.
Segundo significado de pichar: escrever ou desenhar palavras, frases ou símbolos semelhantes a letras em muros, fachadas de edifícios, paredes de casas ou apartamentos, pontes, etc.
Outro dia, um senhor perdeu o braço e o filho dentista para um bando de pichadores surpreendidos por aquele quando pichavam o muro de sua casa. Enraivecido, por tudo observar de câmaras existentes nas dependências internas de sua casa, o senhor não refletiu e, em vez de ligar para a polícia, pegou um pedaço de pau e saiu de casa sozinho para enfrentar os quatro jovens pichadores.
Não deu outra, também armados com paus, os rapazes agrediam-no, covardemente, quando seu filho dentista, que chegara a casa naquele instante, viu o pai sendo brutalmente surrado e tentou defendê-lo. Resultado, apanhou até morrer, e seu pai acabou ficando sem um dos braços em virtude das pauladas recebidas.
Até o momento da reportagem, dois agressores estavam presos, e outros dois foragiram-se.
Outro dia, foi feita uma reportagem com pichadores, por jornalista de canal de tv. A maioria é empregada e faz esse “trabalho” por pura diversão ou, segundo diz uma pichadora, por crítica ao sistema político, em altas horas da noite.
Um deles fazia parte de dupla pioneira famosa. Hoje é advogado e não mais picha. Seu concorrente do passado tornou-se designer e também abandonou a pichação.
Caso interessante é o de outro pichador, homem maduro, que tem mulher, filha e trabalha como comerciante. Disse ao repórter que há mais de trinta anos se diverte pichando paredes altas de prédios, pontes, etc. Considera-se grande artista.
Observando, porém, que sua casa não possui qualquer marca de pichação, o profissional de imprensa perguntou-lhe o motivo disso. Sua resposta foi a de que não queria sujar o seu lar tão querido, onde residia com sua mulher, pichada no braço e perna, e sua filha, que nenhuma marca de pichação trazia no corpo, mas dizia-se admiradora da “arte” paterna.
Parodiando antigo refrão popular, diremos: “Pichação em imóvel alheio é refresco”.





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