sábado, 10 de dezembro de 2016

Contos e crônicas



Humanidade e irmandade

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Ao ser acordado, às 6h da manhã, por sua esposa, com a informação de que o avião que transportava todo o time da Chapecoense havia caído, disse Joteli: — Isso é triste demais! E não mais conseguiu dormir naquele dia.
Depois, emocionou-se até as lágrimas quando soube que apenas três jogadores do time haviam sobrevivido e um deles ainda ficaria sem a perna direita, além de correr o risco de perder o pé esquerdo, o goleiro Jackson Follmann, reserva do Marcos Danilo, herói do jogo anterior, que ainda fora salvo com vida, mas falecera a caminho do hospital.
Os outros dois são o zagueiro Neto, em estado crítico, no hospital, e o lateral Allan Ruschel, que não mais corre perigo de morte.
Também saudamos outro herói da sobrevivência, o jornalista Rafael Henzel.
Além desses brasileiros, somente se salvaram o técnico da aeronave Erwin Tumiri e a comissária de bordo Ximena Suárez, ambos bolivianos. De todos, Erwin é o que está em melhor condição física. Parece ter caído de uma bicicleta e não de um avião destroçado.
O acidente repercutiu em todo o mundo, mas a homenagem dos colombianos, que, imediatamente, pediram à CONMEBOL para concederem o título de campeão sul-americano ao time da Chapecoense, foi comovente. É o que se chama, no esporte, de fair play. Bela demonstração de respeito e desprendimento em favor do outro, que é tratado como amigo e não como adversário.
Na quarta-feira, que seria o dia da decisão, a torcida colombiana encheu o estádio com mais de 40.000 torcedores, que traziam na mão uma vela branca acesa e faixas, nas quais se liam: “Somos todos Chapecoense”, “Força Chape”, “Chape, campeã sul-americana”.
Os muros do estádio Atanásio Girardot, em Medellín, foram adornados de flores e iluminados por velas e faixas de encorajamento e solidariedade ao time dos bravos jogadores da Chape, juntamente com toda a tripulação, jornalistas, dirigentes... Balões verdes elevaram-se aos céus!
Jamais se viu coisa igual!
Na última segunda-feira, atendendo ao desejo unânime do time colombiano, a Chapecoense foi considerada campeã sul-americana de futebol, e o Club Atlético Nacional, de Medellín, recebeu o troféu do centenário da CONMEBOL pelo fair play concedido, numa demonstração de “espírito de paz, compreensão e jogo limpo”.
Aqui no Brasil, o que parecia impossível aconteceu: as torcidas de São Paulo, Corinthians, Santos e Palmeiras se reuniram em linda e pacífica homenagem à Chapecoense e seus atletas mortos segundo a carne.
Que bom seria se não somente essas, mas todas as torcidas esportivas, fizessem um pacto de não agressão e repúdio a qualquer tipo de violência, antes, durante e após as competições, a partir dessas manifestações comoventes e sinceras, que nos fazem lembrar as palavras de Jesus: - Amai-vos uns aos outros!
E que, numa partida de futebol, vença o melhor, mas respeite-se o vencido, competindo-se sempre com lealdade e verdadeiro espírito esportivo, como tão bem soube demonstrar o Club Atlético Nacional da Colômbia, país irmão a quem devemos eternamente a nossa gratidão pela lição de solidariedade que nos prestou, repercutindo no mundo inteiro.
Fica aqui a sensação de que, nas tragédias, percebemos quanto somos frágeis, mas também quanto podemos nos fortalecer com os gestos de solidariedade e de amor recebidos. Isso acontece porque, nesses momentos, o sentido da palavra humanidade torna-se sinônimo de irmandade.






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