sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Iniciação aos clássicos espíritas




Por que creio na imortalidade da alma

Sir Oliver Lodge

Parte 3

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial do livro Por que creio na imortalidade da alma, de autoria de Sir Oliver Lodge, de acordo com a tradução feita por Francisco Klörs Werneck, publicada pela Federação Espírita do Estado de São Paulo em 1989.
Esperamos que este estudo constitua para o leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de: 
1) questões preliminares; 
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. Que é, para Oliver Lodge, um indivíduo?
B. De acordo com esta obra, podemos dizer que cérebro e Espírito sejam a mesma coisa?
C. É correto dizermos ‘minha alma’, do mesmo modo que dizemos ‘meu corpo’?

Texto para leitura

27. Possuímos um corpo etérico independente de todo o acidente que possa acontecer ao conjunto da matéria associada, e continuamos a possuir sempre esse corpo etérico depois do desaparecimento do corpo material. A única objeção a esta realidade reside no fato de que nada existe, de natureza etérica, suscetível de impressionar os nossos sentidos. Tudo o que pertence ao éter deve ser conhecido por deduções. (P. 9)
28. Para Lodge, toda teoria deve ser apoiada por fatos resultantes da observação e da experiência. “Deve-se, pois, dar-lhe uma oportunidade de vida e só quando ela mostrar-se falsa e errada é que deverá ser eliminada sem piedade”, acrescenta o autor desta obra. (P. 10)
29. Dito isto, Oliver Lodge apresenta as seguintes proposições (PP. 10 e 11):
I - A atividade mental não é limitada às suas manifestações corporais, embora, em certo meio material, isso seja necessário para demonstrar-nos sua atividade neste plano.
II - O mecanismo cérebro neuromuscular, assim como o restante do corpo, forma um instrumento construído, dirigido e utilizado pela vida e pelo Espírito.
III - Nem a vida nem o Espírito deixam de existir quando separados do seu invólucro ou órgão material.
IV - O que chamamos indivíduo é uma encarnação definida ou uma associação com a matéria de algum elemento vital ou espiritual que possui em si mesma uma existência contínua.
V - O valor da encarnação se acha na oportunidade assim oferecida para a individualização de uma parte da mentalidade específica gradualmente mais vasta, isolada do seu meio primitivo cósmico, a fim de permitir-lhe desenvolver uma personalidade que será a característica desse organismo particular.
VI - Há lugar para crer-se que essa individualidade persista como toda outra realidade e que, em consequência, pode sobreviver à sua separação do organismo material que a ajudava outrora a isolar-se, para tornarem-se possíveis os traços característicos individuais do seu caráter, caráter esse que persiste verdadeiramente como indivíduo, conservando a sua memória, as suas experiências e as suas afeições, segundo oportunidades e privilégios associados ao corpo material durante a vida terrena.
VII - A evidência, já acessível, basta para provar que o caráter individual e a memória persistem, que as personalidades que deixaram esta vida continuam a existir com os seus conhecimentos e as experiências adquiridas neste plano, e que, em certas condições parcialmente conhecidas, os nossos amigos invisíveis podem provar-nos a sua sobrevivência real, individual e pessoal.
30. No momento em que esta obra foi escrita - 1929 - todas as conclusões ou deduções acima expostas, provenientes de um longo inquérito, eram - de acordo com Oliver Lodge - consideradas duvidosas pela Ciência ortodoxa, que até então se limitara às manifestações terrestres, sem buscar o que quer que seja no plano espiritual. “Qualquer insistência sobre tais proposições - afirma o pesquisador inglês - topa com a zombaria que as encara como pura especulação ou mesmo como superstição. Estas conclusões, por outro lado, não parecem essenciais à religião, em sua aceitação geral, e são, na maioria, desaprovadas como ensino religioso.” (PP. 11 e 12)
31. Apreciando as sete proposições anteriormente expostas, Oliver Lodge diz que, no tocante à primeira proposição - o Espírito pode agir independentemente dos órgãos corporais -, ele ficou certo disso desde 1883, em razão dos casos de telepatia experimental que Sir William Barrett assinalara em relatório dirigido à British Association em 1876. (P. 13)
32. Na sequência, Lodge reporta-se às experiências contidas no livro Fantasmas dos Vivos, editado em 1886, por Myers e Gurney, com a colaboração de Podmore. E afirma: “A aparição ou o fantasma, visto pelo percipiente sensitivo e que, até aqui, tinha naturalmente sido considerado como efeito de uma presença real e misteriosa, podia ser assim atribuído a uma impressão viva produzida, telepaticamente e sem seu conhecimento, por uma pessoa afastada, em angústia, perigo e mesmo prestes a falecer”. (P. 14)
33. Depois de eliminar todos os casos duvidosos, a conclusão dos investigadores foi resumida, nos Proceedings of the Society for Psychical Research, da seguinte maneira: “Existe, entre os casos de morte e as aparições de moribundos, uma relação que não é consequência só do acaso. Consideramo-la como um fato certo. A discussão de tudo o que ela implica não pode ser feita só nesta obra e, provavelmente, não será mesmo esgotada em nossa época”. (PP. 14 e 15)
34. É interessante lembrar que o filósofo Kant ocupou-se também, em certa época, dos estudos psíquicos e examinou dois ou três casos notáveis, referentes a Swedenborg. Em seu ensaio sobre Kant, William Wallace diz que é possível considerar as aparições sob um ponto de vista subjetivo e transcreve citação de Kant em que este admite a comunicação entre os Espíritos e os encarnados. (P. 15)
35. A segunda proposição - o corpo é um instrumento utilizado pelo Espírito - resulta, de certa forma, da primeira e serve de refutação ao argumento apresentado por anatomistas e fisiologistas de que cérebro e Espírito são a mesma coisa, de modo que uma lesão no cérebro imprime, ipso facto, uma lesão correspondente no Espírito e que a destruição de um equivale à destruição de outro. (P. 16)
36. Oliver Lodge discorda dessa ideia e afirma que o cérebro, em si mesmo, não pode mais que a vista e que ambos não constituem senão um instrumento único graças ao qual a visão se torna uma possibilidade, tal como se dá com o ouvido, que é apenas um instrumento físico que nos permite ouvir. Mas, a verdade é que é o Espírito quem vê e ouve, é ele quem interpreta a significação da visão e da audição, quem extrai uma impressão mental ou uma emoção das imagens, dos poemas e das músicas - resposta psíquica inteiramente estranha aos atributos da matéria. (PP. 16 e 17)
37. Em seu livro intitulado O Mundo dos Espíritos, publicado na Inglaterra em 1924, o filósofo polonês Vincenty Lutolawski assevera: “Para compreender a relação que existe entre o pensamento e o cérebro, basta admitir que o cérebro é o órgão através do qual recebemos todas as nossas impressões exteriores e graças ao qual produzimos todos os movimentos, particularmente a palavra”. “É por uma falsa analogia de linguagem - conclui Vincenty - que dizemos ‘minha alma’, como dizemos ‘meu cérebro’, ‘meu corpo’ e assim por diante. Com efeito, sois uma alma e não deveis falar de possuir uma alma como se a alma diferisse de vós mesmos.” (PP. 17 e 18)
38. Muitos fenômenos conhecidos permitem ilustrar a terceira proposição, que estabelece que as coisas desaparecidas não perdem a sua existência. Embora seja um fato que salta aos olhos, a indestrutibilidade da matéria precisa ser provada cientificamente. (P. 18)
39. Acredita-se geralmente que uma coisa queimada está destruída, que o leite derramado está perdido, que a nuvem se evaporou devido ao calor solar etc. Todo o mundo sabe, porém, que - qualquer que seja a dispersão da matéria - as suas partículas são indestrutíveis. (P. 18)

Respostas às questões preliminares

A. Que é, para Oliver Lodge, um indivíduo?
Indivíduo é, segundo Lodge, uma encarnação definida ou uma associação com a matéria de algum elemento vital ou espiritual que possui em si mesma uma existência contínua. (Por que creio na imortalidade da alma, pp. 10 e 11.)
B. De acordo com esta obra, podemos dizer que cérebro e Espírito sejam a mesma coisa?
Não. O cérebro e todos os demais órgãos que compõem o corpo físico são tão somente instrumentos de que o Espírito se serve. (Obra citada, p. 16.)
C. É correto dizermos ‘minha alma’, do mesmo modo que dizemos ‘meu corpo’?
Não. É por uma falsa analogia de linguagem que dizemos ‘minha alma’, como dizemos ‘meu cérebro’, ‘meu corpo’ e assim por diante. Com efeito, somos uma alma encarnada, e não temos uma alma. (Obra citada, pp. 17 e 18.)

Nota:
Links que remetem aos textos anteriores:






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