domingo, 5 de março de 2017

Reflexões à luz do Espiritismo


Nosso destino é obra nossa e de mais ninguém

Contrariamente ao que muitos pensam, a Doutrina Espírita ensina-nos que grande parte das aflições e vicissitudes humanas tem sua causa em fatos ocorridos na presente existência e que o homem é, no geral, o artífice dos seus próprios infortúnios.
É claro que existem em nossa vida males cujas causas não se encontram absolutamente no presente, e Allan Kardec os relaciona no item 6 do cap. V do livro O Evangelho segundo o Espiritismo. Mas o codificador do Espiritismo deixa ali bem evidente que, mesmo nesses casos, o homem é o causador das próprias aflições, uma vez que o destino das pessoas é traçado por suas atitudes e por seu comportamento em face de Deus, do próximo e de si mesmas.
Somos, portanto, os construtores do nosso destino.
Ensina o Espiritismo que, chegado o momento de um novo retorno ao cenário terrestre, o Espírito escolhe as provas a que deseja submeter-se, e tais provas estão sempre em relação com suas necessidades e as faltas que lhe cumpre expiar.
Resumindo com perfeição a questão do livre-arbítrio, Kardec explica que essa liberdade de escolha é exercida pelos Espíritos de dois modos bem diferentes.
Quando se encontram desencarnados, consiste na escolha da existência e da natureza das provas. Quando encarnados, na faculdade que têm de ceder ou de resistir aos arrastamentos a que voluntariamente se submeteram. Cabe à educação – complementa o codificador do Espiritismo – combater essas más tendências. (Cf. O Livro dos Espíritos, questão 872.)
Kardec não se refere aí à instrução, mas sim à educação, por ele definida como sendo o conjunto dos hábitos adquiridos, em cuja tarefa a orientação e o exemplo de pais e educadores são de fundamental importância.
Há na história da educação uma passagem conhecida. O grande Licurgo, legislador grego que viveu por volta do século IV antes de Cristo, foi convidado a proferir um discurso a respeito do valor da educação para os jovens. Licurgo aceitou o convite, mas pediu um prazo para se preparar, fato que causou estranheza, pois todos sabiam que ele tinha capacidade e condição de falar sobre o tema a qualquer momento.
Decorrido o prazo solicitado, Licurgo compareceu perante a assembleia que se reunira para ouvi-lo. O orador postou-se na tribuna e, logo em seguida, entraram dois criados, cada qual portando uma gaiola. Em uma havia duas lebres e, na outra, dois cães. A um sinal previamente estabelecido, um dos criados abriu a porta de uma das gaiolas e a pequena lebre branca saiu a correr, espantada. Logo em seguida, o outro criado abriu a gaiola em que estavam os cães e um deles saiu em desabalada carreira ao encalço da lebre. O cão alcançou-a com destreza, trucidando-a rapidamente.
A cena fora chocante. Ninguém conseguira entender o que o grande orador pretendia com semelhante agressão. Mesmo assim, ele nada disse. Tornou a repetir o sinal convencionado e outra lebre foi libertada. Em seguida, o outro cão. O povo, temendo nova cena de agressividade, mal continha a respiração e alguns, mais sensíveis, levaram as mãos aos olhos para não ver a reprise da morte bárbara do indefeso animalzinho que corria e saltava pelo palco.
No primeiro instante, o cão investiu contra a lebre. Mas, em vez de abocanhá-la, deu-lhe com a pata e ela caiu. Em seguida ela se ergueu e os dois se puseram a brincar. Para surpresa de todos, o cão e a lebre ficaram a demonstrar tranquila convivência, saltitando de um lado a outro do palco, como dois excelentes amigos.
Licurgo então falou:
– Senhores, vocês acabam de assistir a uma demonstração do que pode a educação. Ambas as lebres são filhas da mesma matriz, foram alimentadas igualmente e receberam os mesmos cuidados, assim como os cães. A diferença entre os primeiros e os segundos é, simplesmente, a educação. O primeiro cão fora educado para matar.
E prosseguiu seu discurso dizendo das excelências do processo educativo e reafirmando que a educação, baseada em uma concepção exata da vida, pode transformar a face do mundo.
Fazendo nossas as palavras do grande orador, também dizemos:
– Eduquemos nossos filhos, esclareçamos sua inteligência, mas, antes de tudo, falemos ao seu coração, ensinando-os a despojar-se de suas imperfeições. Lembremo-nos de que a sabedoria por excelência consiste em nos tornarmos melhores e que o nosso destino, feliz ou infeliz, dependerá somente disso.




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