domingo, 28 de maio de 2017

Reflexões à luz do Espiritismo



Aristocracias

A falência moral que se observa nos quadros políticos e administrativos de nosso País, posta a nu pelas inúmeras ações realizadas pelo Ministério Público Federal, com apoio da Polícia Federal e o necessário respaldo do Judiciário, faz-nos lembrar um interessante estudo escrito por Allan Kardec a propósito do tema Aristocracias.
Publicado na 1ª parte do livro Obras Póstumas, o texto contém uma espécie de antevisão de Kardec acerca do advento futuro em nosso mundo do que ele chamou de aristocracia intelecto-moral.
Aristocracia é palavra que nos veio do grego Aristos, o melhor, e Kratus, poder. Significa, pois, o poder dos melhores, conquanto saibamos que o sentido primitivo da palavra foi por várias vezes deturpado.
De acordo com o estudo escrito por Kardec, verificaram-se na história da Humanidade terrena cinco espécies de aristocracia:
1ª - Aristocracia dos patriarcas - Nas sociedades primitivas, quando surgiu, em decorrência da formação dos grupos sociais, a necessidade de uma autoridade, esta foi conferida aos chefes de família, aos anciãos e aos patriarcas. Surgia desse modo a primeira de todas as aristocracias, um fenômeno que ainda se vê em pleno século 21 em algumas comunidades indígenas.
2ª - Aristocracia da força - Com o surgimento dos conflitos e das guerras, a autoridade foi sendo transferida aos poucos para os indivíduos fortes e vigorosos, ocorrendo então o advento dos chefes militares. Nascia com isso o segundo modelo de aristocracia.
3ª - Aristocracia do nascimento - Os detentores do poder foram, com o tempo, transferindo seus privilégios e sua autoridade aos descendentes. Nascia então o terceiro modelo de aristocracia, geralmente fundamentada em leis outorgadas por quem estava no poder e nisso tinha particular interesse. Na organização política atual, como ocorre, por exemplo, no Brasil, governadores, prefeitos, senadores e deputados costumam inserir seus filhos e netos na política, transferindo-lhes seu prestígio e seus votos, o que constitui um resquício do terceiro modelo de aristocracia surgido no mundo.
4ª - Aristocracia do dinheiro - Com o surgimento das grandes fortunas, elevou-se na Terra um novo poder, o do ouro, visto que com o ouro pode-se dispor de homens e coisas. O que não se concedia mais aos títulos, concedia-se à fortuna e esta, como ainda é bastante comum em nossos dias, passou a ser detentora do poder. Foi esse o quarto modelo de aristocracia em nosso mundo.
5ª - Aristocracia da inteligência - Este modelo é o que se vai insinuando no mundo, em que técnicos e especialistas nas mais diferentes áreas é que ditam as regras que governam os povos. Ocorre que a inteligência, por si só, não é garantia de que todos os seres humanos serão de igual modo contemplados pelos detentores do poder. O desenvolvimento intelectual sem o guia dos princípios morais pode, como ninguém ignora, ter consequências desastrosas para a sociedade.
Kardec previu, então, no texto que mencionamos, o surgimento de uma sexta forma de aristocracia no mundo, como decorrência da própria evolução da Humanidade – a aristocracia intelecto-moral –, em que, por definição, a inteligência e a moralidade estarão presentes na autoridade, à qual todos podem submeter-se, confiados em suas luzes e em sua justiça. 
Fato semelhante já se vê em algumas comunidades espirituais, como a colônia “Nosso Lar”, descrita por André Luiz no livro de mesmo nome. O governador da citada colônia reuniria as duas condições que o Codificador do Espiritismo assinala como características da aristocracia intelecto-moral e, por isso, sua autoridade era respeitada por todos.
É importante, contudo, reconhecer, dado o atraso moral que caracteriza a maioria dos habitantes do nosso mundo, que a sexta forma de aristocracia prevista por Kardec é algo para um futuro muito distante, quando a evolução do planeta assim o permitir. Dar-se-á, então, em nosso mundo o que já se verifica nas relações além-túmulo, como podemos inferir à vista da informação abaixo reproduzida:

274. Da existência de diferentes ordens de Espíritos, resulta para estes alguma hierarquia de poderes? Há entre eles subordinação e autoridade?
“Muito grande. Os Espíritos têm uns sobre os outros a autoridade correspondente ao grau de superioridade que hajam alcançado, autoridade que eles exercem por um ascendente moral irresistível.”
a) Podem os Espíritos inferiores subtrair-se à autoridade dos que lhes são superiores?
“Eu disse: irresistível.” (O Livro dos Espíritos, Parte Segunda, Capítulo VI, questões 274 e 274-a.)



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