quinta-feira, 28 de junho de 2012

A quem se destina o Espiritismo?


Existem pessoas que, apesar de profitentes de outras crenças, apreciam as palestras espíritas e chegam mesmo a frequentar com certa regularidade os Centros Espíritas. E o inverso também se dá, pois ninguém ignora que alguns espiritistas costumam frequentar centros ou terreiros de Umbanda. Dentre estes, há até os que entendem que certos atendimentos feitos no meio umbandista são mais fortes e produzem resultados mais rápidos do que nas Casas Espíritas que adotam as obras de Allan Kardec.
Como encarar tais coisas?
A Umbanda acredita em fatos e leis que o Espiritismo também apregoa: a comunicação entre nós e os mortos, a reencarnação, a lei de causa e efeito, a crença em Deus, a imortalidade da alma etc. Em alguns lugares, os núcleos de Umbanda utilizam até mesmo livros espíritas, como por exemplo em Neves Paulista (SP), onde há um centro umbandista dirigido até bem pouco tempo por uma médium extraordinária que, por sinal, lia livros e periódicos espíritas.
Devemos ter pela Umbanda, como aliás por todas as religiões sérias, o mesmo respeito que esperamos que todos tenham para com o Espiritismo. É preciso, aliás, além disso, reconhecer que existem pessoas que não conseguiriam trabalhar nas fileiras espíritas mas se encaixariam perfeitamente na Umbanda e em suas práticas. 
Reportando-se a esse assunto, Chico Xavier dizia que, em relação à escolha da religião, a pessoa deve ficar onde se achar melhor, onde tiver mais amplas condições de atender àquilo que é o objetivo principal da religião: aproximar a criatura de Deus. Uns encontram essa possibilidade nas igrejas evangélicas, outras no Catolicismo, outras na Umbanda, o que depende de cada um e nada tem que ver com a evolução do indivíduo, mas tão-somente com sua aptidão e o compromisso firmado na vida espiritual no momento em que foi elaborada a chamada programação reencarnatória.
No caso da mediunidade, é óbvio que as pessoas que não conseguem livrar-se do tabaco ou do álcool nenhum impedimento devem encontrar na Umbanda, o que no Espiritismo seria muito difícil, visto que nas práticas umbandistas admitem-se tanto o fumo como o álcool, o que não implica dizer que os guias espirituais que ali trabalham sejam atrasados. São apenas indivíduos desencarnados que, tendo muitas qualidades, ainda se encontram apegados a certos vícios, fato que pode ocorrer com qualquer um.
A única coisa que é realmente, para nós espíritas, inaceitável – e é isso que distingue claramente a prática espírita da prática umbandista – é a forma como ali se encaram e se realizam os trabalhos de desobsessão.
Na Umbanda, tradicionalmente procura-se afastar o agente causador da perturbação, o chamado obsessor, visando desse modo a proteger a pessoa que lhe sofre o assédio. No Espiritismo, segundo a orientação emanada dos autores mais respeitados, procura-se atender ambos os litigantes, não só o que sofre a perturbação mas também aquele que a causa, porque ambos, obsessor e obsidiado, são enfermos que necessitam de tratamento e atenção, não cabendo nesse processo nem os exorcismos, nem a expulsão pelo medo.
Devemos, por fim, ter sempre em mente a célebre lição dada por Kardec aos espíritas de Lyon e Bordeaux (“Viagem Espírita em 1862”, 2ª edição, Ed. O Clarim, págs. 69 e 70):
“O Espiritismo está destinado àqueles para os quais o alimento intelectual, que lhes é dado, não basta, e o número destas pessoas é tão grande que o tempo não sobra para nos ocuparmos com as outras. (...) O Espiritismo não procura ninguém, não se impõe a ninguém, limita-se a dizer: Aqui me tendes, eis o que sou, eis o que trago. Os que julgam ter necessidade de mim, se aproximem, os demais permaneçam onde se encontram.”

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