domingo, 16 de setembro de 2012

Como neutralizar uma influência espiritual ruim?


As influências que os desencarnados exercem sobre a criatura humana são conhecidas de todos, espíritas e não-espíritas.
Lemos na questão 459 de “O Livro dos Espíritos”: – Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? Resposta: “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”
Na Revista Espírita de 1858, Kardec relata o caso ocorrido com o jovem F..., um moço instruído, de educação esmerada e caráter suave e benevolente, que sofrera um doloroso processo de fascinação.
A cura do rapaz só ocorreu quando, por sugestão do Espírito de seu pai, ele procurou Allan Kardec. “Sofres uma rude prova, que será para teu bem no futuro, mas nada posso fazer para te libertar”, dissera-lhe o genitor. Kardec o ajudou e disse que o rapaz aceitou o conselho dos Espíritos, de entregar-se a um trabalho rude, que não lhe deixasse tempo para ouvir as sugestões más. O Espírito que atuava sobre F... no final acabou confessando-se vencido e exprimiu o desejo de progredir.
Comentando o caso, Kardec disse o seguinte:
1. Os Espíritos exercem sobre os homens uma influência salutar ou perniciosa; não é preciso, para isto, ser médium.
2. Não havendo a faculdade, eles agem de mil e uma maneiras.
3. A influência dos Espíritos sobre nós é constante, e todos acham-se expostos a ela, quer acreditem ou não.
4. Afirma Kardec que três quartas partes de nossas ações más e de nossos maus pensamentos são frutos dessa sugestão oculta.
5. Não há outro critério, senão o bom senso, para discernir o valor dos Espíritos. Qualquer fórmula dada para esse fim pelos próprios Espíritos é absurda e não pode emanar de Espíritos superiores.
6. Os Espíritos inferiores receiam os que lhes analisam as palavras, desmascaram as torpezas e não se deixam prender por seus sofismas.
Segundo o Espiritismo, a influência espiritual pode, pois, como vimos acima, ser boa ou má, oculta ou ostensiva, fugaz ou duradoura, mas, em qualquer situação, só se concretiza por meio da sintonia que se estabelece entre nós e eles.
Em muitos dos pensamentos que temos surgem-nos em determinadas situações ideias diferentes sobre o mesmo assunto e, por vezes, ideias que se contradizem. Com certeza nesses momentos estamos sendo alvo da influenciação dos Espíritos, fato que nem todos percebemos, especialmente quando ela se dá de forma sutil e oculta, como se verificou no conhecido caso Custódio Saquarema, relatado pelo Espírito de Humberto Campos em seu livro "Cartas e Crônicas", psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.
Uma forma de distinguir nossos pensamentos dos que nos são sugeridos é compreender que, normalmente, pertence a nós o primeiro pensamento que nos ocorre. Mas o mais importante é saber que, independentemente de sugestões ou não, a responsabilidade pelos atos é nossa, cabendo-nos o mérito pelo bem que daí resultar ou o demérito se a ação for negativa.
Allan Kardec explica, numa nota à questão 462 de “O Livro dos Espíritos”, que nem sempre é possível fazer essa distinção, e assim o justifica: “Se fosse útil pudéssemos claramente distinguir nossos próprios pensamentos daqueles que nos são sugeridos, Deus nos teria dado o meio, assim como nos dá o de distinguir entre o dia e a noite”. “Quando algo fica impreciso, é que assim convém ao nosso benefício.”
Como então neutralizar tais influências?
A resposta a essa pergunta é simples e o Espiritismo no-la fornece com toda a clareza possível. Eis o que, a respeito do assunto, ensinaram os Espíritos Superiores (O Livro dos Espíritos, item 469):
“Fazendo o bem e pondo a vossa confiança em Deus, repelireis a influência dos Espíritos inferiores e destruireis o domínio que sobre vós tentam exercer.
Guardai-vos de escutar as sugestões dos Espíritos que vos suscitam maus pensamentos, que vos insuflam a discórdia e que vos induzem às más paixões.
Desconfiai sobretudo dos que exaltam o vosso orgulho, pois que vos apanham pelo ponto fraco. Por isso Jesus vos faz repetir na Oração Dominical: Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.”
É interessante também que o leitor leia com atenção o que ensina a questão 122 “b” de “O Livro dos Espíritos”, que nos assegura que os maus Espíritos desistem de obsidiar as pessoas que conseguem elevar-se moralmente e, dessa forma, conquistam o autodomínio, o equilíbrio, a harmonia interior que caracterizam o verdadeiro homem de bem.

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