quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Maria, a linda bailarina


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

“Evento cultural”. Era o escrito numa faixa na praça da cidade. O palco sustentava um grupo de adolescentes com sapatilhas e roupas leves e apropriadas. Que lindos bailarinos!
A música clássica dava o andamento aos pequenos desejosos da realização e também do sucesso. Para aquela ocasião, traziam o seu melhor após tantos ensaios e, como sempre, as luzes avivavam o momento.
Um público limitado aplaudia a trupe. Mas olha só... uma garotinha, vestida tão humildemente, imitava os gestos daqueles bailarinos. Era pequenina, seus cabelos não conheciam nem xampu, nem escova. Seu corpinho, realmente, precisava de um banho.
Mas era além disso; ela podia, sim, sentir o espetáculo como se fosse uma das bailarinas. Até as piruetas, imitava lindamente. Os poucos espectadores já começavam a dividir os olhares entre o palco iluminado e a pequena estrelinha da plateia.
Quanta graça possuía. Quanto encanto de se ver.
– Dança, bailarina. Você é luz disfarçada de menina – meu pensamento já a impulsionava.
Último ato. Fim da apresentação. Os bailarinos agradecem os aplausos. Mais uma vez ganham o reconhecimento por tanto treino e disciplina.
A garotinha agradece como se o aplauso também para ela fosse; ao mesmo tempo bate palmas.
– Vem, Maria. Vamos embora – a mãe, com tom severo, chamou a menina, pegou o carrinho de reciclagem e, novamente, rumo ao horizonte incerto.
– Mas, mamãe... só mais um pouquinho – implorou a estrelinha.
– Agora! Me ajude aqui – a mãe concluiu a conversa.
A menina, com um aceno, despediu-se do momento e correu para ajudar a mãe com o carrinho.
De longe, com emoção, declamei um carinhoso poemeto para Maria:
Força, estrelinha!
Você brilhará eternamente.
A chama da vida já te pertence.
Força, estrelinha!
Observei-a até ir sumindo pela descida da rua.
Um ser desconhecido que, de repente, enche de luz o nosso coração.


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