sábado, 16 de fevereiro de 2013

Pérolas literárias (23)


Desencarnação

Álvaro Sá de Castro Meneses 

Dorme a ninfa obscura em desvão da floresta...
Tênue réstia solar dissolve a névoa fina.
Agita-se o casulo. A múmia pequenina
É féretro mirim que, súbito, se enfresta.

A borboleta em luz, como alguém que protesta
Contra o sono letal sob a folha mofina,
Desdobra as asas de ouro e, leve bailarina,
Sobe às grimpas do azul em delírio de festa...

A morte é assim também... No corpo inerte, langue,
Silêncio e rigidez trabalham de partilha,
Tentando nova forma a que a vida se engrade!...

Mas do estojo larval, sem o lume do sangue,
A alma ressurge e voa, ascende, canta e brilha,
Ave do Grande Além, galgando a imensidade...


Álvaro Sá de Castro Meneses nasceu em Niterói-RJ em 3 de junho de 1883 e desencarnou no Rio de Janeiro em 7 de março de 1920. O soneto acima foi publicado no livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


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