terça-feira, 5 de março de 2013

Toda obsessão tem alicerces na reciprocidade


Realizou-se nesta noite o estudo de mais um tema relacionado com o livro Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz (Espírito), obra psicografada pelo médium Chico Xavier. Por motivo de saúde, não participamos do estudo, que foi coordenado novamente por nossa companheira Maria Neuza.

Três foram as questões propostas:

1. Como atender a pessoa em uma manifestação anímica?
2. Há nos manicômios muitos doentes que sofrem, em verdade, intensiva ação hipnótica obsessiva?
3. Em casos assim – de ação obsessiva –, por que não separar desde logo o algoz de sua vítima?

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Depois de diversas considerações feitas em torno das questões citadas, foram lidas e comentadas as respostas, seguindo-se a leitura e o estudo do texto-base relativo ao tema da noite.

Eis as respostas dadas, de forma resumida, às questões propostas:

1. Como atender a pessoa em uma manifestação anímica?
Segundo Aulus, ela deve ser tratada com a mesma atenção que ministramos aos sofredores que se comunicam, pois é também um Espírito imortal solicitando-nos concurso e entendimento para que se lhe restabeleça a harmonia. Explicou o instrutor: "Um doutrinador sem tato fraterno apenas lhe agravaria o problema, porque, a pretexto de servir à verdade, talvez lhe impusesse corretivo inoportuno ao invés de socorro providencial. Primeiro, é preciso remover o mal, para depois fortificar a vítima na sua própria defesa".
A paciência e a caridade são aí indispensáveis para salvá-la. A irmã deve ser ouvida na posição em que se revela, como sendo em tudo a desventurada mulher de outro tempo, e assim recebida, para que, usando o remédio moral que lhe for estendido, possa desligar-se do passado. "A personalidade antiga não foi tão eclipsada pela matéria densa como seria de desejar”, acrescentou Aulus. "Todos podemos cair em semelhantes estados se não aprendemos a cultivar o esquecimento do mal, em marcha incessante com o bem." (Nos Domínios da Mediunidade, cap. 22, pp. 213 e 214.)

2. Há nos manicômios muitos doentes que sofrem, em verdade, intensiva ação hipnótica obsessiva?
Sim. Aulus aludiu ao assunto ao tratar do caso de uma infeliz mulher que, não fosse o concurso fraternal que recebia no grupo espírita, ter-se-ia transformado em vítima integral da licantropia (1) deformante. Disse ele que muitos Espíritos, pervertidos no crime, abusam dos poderes da inteligência, fazendo pesar tigrina crueldade sobre quantos ainda sintonizam com eles pelos débitos do passado.
"A semelhantes vampiros devemos muitos quadros dolorosos da patologia mental nos manicômios, em que numerosos pacientes, sob intensiva ação hipnótica, imitam costumes, posições e atitudes de animais diversos." Esse fenômeno é muito generalizado nos processos expiatórios em que os Espíritos acumpliciados na delinquência descambam para a esfera vibratória dos brutos. (Obra citada, cap. 23, pp. 217 e 218.)

3. Em casos assim – de ação obsessiva –, por que não separar desde logo o algoz de sua vítima?
Esta pergunta foi feita por Hilário e respondida por Aulus. "Calma, Hilário! Ainda não examinamos o assunto em sua estrutura básica. Toda obsessão tem alicerces na reciprocidade", explicou Aulus. "Recordemos o ensinamento de nosso Divino Mestre. Não basta arrancar o joio. É preciso saber até que ponto a raiz dele se entranha no solo com a raiz do trigo, para que não venhamos a esmagar um e outro. Não há dor sem razão. Atendamos, assim, à lei da cooperação, sem o propósito de nos anteciparmos à Justiça Divina."
Como o doutrinador tentasse sossegar o comunicante recordando-lhe as vantagens do perdão e incutindo-lhe a conveniência da humildade e da prece, surgiu a inevitável pergunta: Para colaborar em favor desses irmãos em desespero, seria suficiente o concurso verbalista? Aulus esclareceu que, durante a doutrinação, não eram estendidas ao Espírito palavras simplesmente, mas acima de tudo o sentimento. "Toda frase articulada com amor – disse Aulus – é uma projeção de nós mesmos."  Assim, se era incontestável a impossibilidade de oferecer-lhes a libertação prematura, doava-se, em favor deles, a boa vontade, através do verbo nascido de corações igualmente necessitados de plena redenção com o Cristo. (Obra citada, cap. 23, pp. 218 a 220.)

(1) Licantropia [do grego lykanthropía] é uma das formas de zoantropia, na qual o enfermo se julga transformado em lobo ou a metamorfose perispirítica levou-o a essa forma animal. Define-se zoantropia [do latim zo(o)- + antrop(o) + -ia] como sendo uma perturbação mental em que o enfermo se acredita convertido num animal, sendo também aplicável o termo à metamorfose perispirítica, através de processo de indução hipnótica, em que o Espírito desencarnado, ainda inferiorizado, ganha a forma animalesca.

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Na próxima semana publicaremos neste espaço as questões estudadas, para que o leitor, se o desejar, possa acompanhar o desenvolvimento dos nossos estudos.


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