sábado, 27 de abril de 2013

Pérolas literárias (33)


Colombina

Júlia Cortines Laxe


Mascarada mulher o rabecão trouxera.
Morrera em pleno baile a frágil Colombina
E, no egrégio salão de culto à Medicina,
O professor leciona, em voz veemente e austera:

– "Rapazes, contemplai! É rameira e menina.
Tombou ébria no vício e com certeza era
Devassa meretriz, mistura de anjo e fera,
Flor de lama e prazer, Vênus e Messalina.”

Em seguida, a cortar, rompe a seda sem custo,
Desnuda-lhe, solene, a alva pele do busto,
Afasta, indiferente, as flores de rendilha...

No entanto, ao descobrir-lhe a face triste e bela,
O mestre cambaleia e chora junto dela...
Encontrara na morta a sua própria filha.


Júlia Cortines Laxe nasceu em Rio Bonito, estado do Rio, em 12 de dezembro de 1868, e desencarnou em 19 de março de 1948. O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


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