sábado, 27 de julho de 2013

Pérolas literárias (46)


Reencarnação

Antônio Francisco da Costa e Silva


De cimo a cimo, a ideia viva esbarro...
Luzem constelações... O Céu rutila...
Estrelas resplendentes fazem fila,
Multicores vagões do Etéreo Carro.

Mas revejo, enlevado, o sol da vila...
O regaço materno, ansioso, agarro;
Ouço meu pai de crônico pigarro
E a voz do lar por música tranquila.

Fito a mesa singela, o caldo, a broa;
O velho cão rafeiro(1) geme à toa...
Ah! Saudades! Sois tudo quanto exerço!...

Preces a Deus, em lágrimas, transponho...
Aspiro a refazer a vida e o sonho,
Quero chorar nos júbilos do berço!...

(1) Cão rafeiro: diz-se de, ou cão treinado para guardar gado.



O poeta Antônio Francisco da Costa e Silva nasceu em Amarante, Piauí, em 28 de novembro de 1885, e faleceu no Rio de Janeiro-RJ em 29 de junho de 1950. O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

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