quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Pílulas gramaticais (70)

A obsessão é um dos assuntos mais frequentes nas conversações, palestras e escritos espíritas.
Em face disso, usa-se também bastante em nosso meio o verbo obsidiar, de que deriva a palavra obsidiado, particípio desse verbo.
Há, no entanto, quem prefira usar, relativamente ao assunto, o verbo obsedar, de que deriva a forma obsedado.
Em certa região de Minas Gerais, a palavra obsedado é bastante usada e parece para algumas pessoas ter um sentido mais forte. “Fulano está obsedado” seria, para elas, uma frase mais contundente do que “Fulano está obsidiado”.
A pergunta que se faz é: Qual a forma correta?
Ambas são corretas, mas, em respeito ao nosso idioma, não há dúvida de que deveríamos usar o verbo obsidiar e seus derivados obsidiado e obsidiada.
O motivo é simples: obsidiar veio-nos do latim obsidiare. Ora, o latim é a língua-mãe do idioma português.
Obsedar nos veio do francês obséder. Trata-se, pois, de um galicismo, que devemos repelir sempre que exista no vernáculo palavra de mesmo significado.
O uso comum do verbo obsedar e de seus derivados obsedado e obsedada em determinadas regiões em que o movimento espírita é mais antigo deve, provavelmente, estar relacionado com as primeiras traduções das obras de Kardec, as quais, como sabemos, foram escritas originalmente no idioma francês.
Registre-se que os dicionários reconhecem também a forma obsediar, uma variante de obsidiar, por influência, segundo alguns, da palavra obsessão. Mas, como dissemos, o ideal é que usemos a forma vernácula citada acima.

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Devemos ter o cuidado de não confundirmos as palavras obsidiado, obsediado ou obsedado com a palavra obcecado, particípio do verbo obcecar.
Obcecado significa: que tem a inteligência obscurecida; contumaz no erro; teimoso, obstinado. 
Exemplos:
– João é obcecado no que faz. (João é obstinado...)
– O rapaz ficou obcecado desde que viu aquela mulher. (O rapaz ficou confuso...)



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