sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O que o Espiritismo chama de fatalidade?

Um leitor propôs-nos duas questões relacionadas com o tema fatalidade e determinismo.
A primeira: O Espiritismo admite o chamado determinismo absoluto?
A segunda: Há diferença entre determinismo e fatalidade?
Segundo o que aprendemos com a doutrina espírita, não existe o determinismo absoluto que norteie a vida do homem. Os constrangimentos à sua livre vontade resultam de débitos contraídos em existências anteriores.
O homem desfruta, pois, de um livre-arbítrio relativo, que se expande ao longo do processo evolutivo, mas que sofre restrições decorrentes da lei de causa e efeito, pela qual os equívocos cometidos no passado devem ser corrigidos e reparados.
A diferença entre determinismo e fatalidade situa-se na própria concepção e no significado desses dois termos.
Determinismo é um sistema filosófico que nega ao homem o direito de agir livremente, isto é, de acordo com sua vontade. 
O que o Espiritismo chama de fatalidade existe unicamente pela escolha que o indivíduo, ao reencarnar, fez desta ou daquela prova. Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que se acha colocado em face da escolha feita.
Quem primeiro procurou afastar o homem da ideia de um destino inexorável foram os filósofos gregos chamados sofistas. Segundo eles, o homem não podia ficar inteiramente preso a um processo ou a leis de que não pudesse desvencilhar-se. Parecia-lhes impossível que o homem não exercesse certo efeito sobre o próprio destino.
Sócrates também não aceitava tal domínio sobre os homens. Para ele, o conhecimento constituiria sua realização suprema. Alcançando o conhecimento, o homem agiria com acerto; sem o conhecimento, corria o risco de agir com desacerto. Além dessa concepção tão clara, Sócrates entendia que o homem pode, pelo conhecimento, ter certa influência sobre seu destino na Terra e na vida futura.
Platão era, igualmente, defensor da liberdade. O homem, dizia Platão, pode vencer e, de fato, vence os objetivos do mundo. Embora criatura do Criador divino, pode ordenar sua vida de modo a vivê-la com espírito de justiça e sensatez.
A chamada fatalidade resulta, pois, de uma decisão do próprio indivíduo quando, no exercício do livre-arbítrio, projeta as chamadas provas que julga necessárias ao seu aprimoramento espiritual. Feita a escolha, sofrerá ele – fatalmente – todas as vicissitudes e todos os arrastamentos a ela inerentes. Mas aí cessa a fatalidade, pois de sua vontade depende ceder ou não às influências e aos arrastamentos a que voluntariamente se sujeitou. Os pormenores dos acontecimentos ficam, portanto, subordinados às circunstâncias que ele próprio cria com seus atos e atitudes.
Podemos, pois, concluir que existe fatalidade nos acontecimentos que se apresentam, por serem consequência da escolha que o Espírito fez de sua existência de encarnado, mas jamais existirá fatalidade nos atos da vida moral.
Entenda-se, por fim, que na escolha feita pelo Espírito são levados em conta os ditames da lei de causa e efeito, ocasião em que determinadas situações poderão ser incluídas na chamada programação reencarnatória, com vistas à expiação e à reparação de danos anteriormente produzidos pelo reencarnante, o que explica por que deparamos na vida situações aflitivas que, não fossem as luzes trazidas pelo Espiritismo, jamais imaginaríamos terem sido solicitadas pela própria pessoa que as enfrenta.



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