terça-feira, 23 de setembro de 2014

Haruka, o primeiro ventinho da primavera


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Como um suspiro de alegria, o primeiro sopro da primavera surgiu; Haruka era o seu nome.
Veio anunciando a leveza das flores, a proteção do céu azul, o ar mais puro, a certeza, mais uma vez, de que Deus é o Criador incomparável da vida.
Pequeninos brotos desenvolvendo-se em presentes delicados, bem-vindos e queridos, nas flores de texturas tão doces e perfumes suaves e aconchegantes.
Os parques viraram telas de Monet, Manet, Van Gogh, tornaram-se felicidades para os olhos que os admiravam com tantas coloridas flores e cores e esperança de amanheceres melhores na caminhada dos dias.
A natureza ensina que tudo possui o seu tempo. Há o tempo das árvores floridas, há também o calor mais intenso, ainda há o momento dos galhos sem folhas e os dias mais frios e sérios.
E o prenúncio da linda estação acontecera com o primeiro ventinho, brisa anunciando que o novo ciclo estava de volta. Assim como os atos realizados. Tudo, sob os olhos do Pai, é observado e gravado na consciência individual e coletiva. O céu, entre o seu azul e o dourado do sol, cobria as flores, admirado, com tantas maravilhas da natureza, como as mariposas del aire, as infindáveis espécies de pássaros a revoar o cenário real da magnífica vida.(1)
E o recomeço, a oportunidade, o progresso são verdadeiras ocorrências para todos os seres, os que sentem a emoção, o amor e também para os seres que, reincidindo no caminho equivocado, ainda compreenderão o verdadeiro fluxo para a felicidade.
E sobre o novo tempo, flores de espécies diferentes e cores incomparáveis recebem a mesma luz do sol e a proteção sincera do céu que protege os seres. E todas são sopradas, com carinho, pelo mesmo ventinho fresco.
E os canteiros vivificados reforçam que a vida recomeça e brilha sempre. A estrela ofuscada de dia torna-se brilho intenso na apresentação da noite; tudo a seu tempo, no entanto, preenchido com a perseverante sabedoria.
Haruka aguardou dias e meses para anunciar a chegada da primavera. Teve a paciência das horas e o carinho dos dias. Recolheu-se humildemente para que as outras estações pudessem também se apresentar e, finalmente, chegara o seu momento. Quando sua autorização fora proclamada pela retirada do vento mais frio e sério, totalmente recomposta, a primavera tão autêntica e viva apresentou-se, mais uma vez, aos jardins da vida.
Lindos campos floridos, bosques alegres e olhos radiantes começaram a participar do cenário do momento e a aproveitarem o presente vindo da natureza.
Tudo a seu exato período.
Quando se compreende que há o tempo de nascer e de morrer; de falar e de calar; de amar e ser amado; de oferecer a mão e resgatar com amor; de meditar e imprimir energia para a reconstrução do universo íntimo e do coletivo, então, quando há esse entendimento bem mais sorrisos florescerão entre as flores participantes da existência tão linda.
E Haruka já compreendera seu momento nas estações. Ainda não era uma, nem outra, mas sim, o anúncio tão suave e lindo da preciosa estação das flores; ela estava feliz.
Quando o primeiro ventinho soprou, o seu propósito já se deu como iniciado e, um dia, com méritos próprios, se tornará definitivo nessa estação de tanta alegria.
Exatamente agora, Haruka começa a visitar meu rosto, com beijinhos doces de início de primavera.

(1) “Mariposa del aire” é o título de um conhecido poema dedicado às crianças. Confira em - http://www.conmishijos.com/actividades-para-ninos/cuentos/mariposa-del-aire-poesia-de-federico-garcia-lorca-para-ninos/

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