quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A dor é a nossa custódia celestial



Continuamos ontem à noite no Centro Espírita Nosso Lar o estudo do livro Ação e Reação, de André Luiz, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis o roteiro e o texto que serviram de base ao estudo:

Questões para debate

A. Que provações se abateram sobre Marina?
B. Como a mãe de Marina, já desencarnada, definiu a dor?
C. O encontro com sua mãe produziu algum efeito em Marina?

Texto para leitura

80. O débito agravado – Zilda e Jorge reataram, instintivamente, os elos afetivos do passado. Amando-se com fervor, confiaram-se ao noivado, mas Marina, esquecendo os compromissos assumidos no Mundo Maior e tomada de intensa paixão, passou a seduzir o rapaz, atraindo para o seu escuso objetivo o apoio de entidades caprichosas e enfermi­ças, cuja companhia aliciara sem perceber. Dominado, Jorge abandonou o amor de Zilda e passou a simpatizar com Marina, observando que a nova afetividade lhe crescia assustadoramente no íntimo, sem que ele pu­desse controlar-lhe a expansão... Em pouco tempo, passaram a manter encontros ocultos, nos quais se comprometeram um com o outro na maior intimidade. Zilda notou o distanciamento do rapaz, mas de nada descon­fiou, até que, faltando duas semanas para seu casamento, ele rompeu o noivado, confessando que somente poderia casar-se com Ma­rina. Aluci­nada de dor, Zilda matou-se, sendo recolhida por Luísa, sua mãe, que na época já se encontrava na Mansão. Levado o caso até o Mi­nistro Sân­zio, determinou ele que Marina fosse considerada devedora em conta agravada por ela mesma e, logo após sua decisão, providenciou para que Zilda renascesse como sua filha, o que ocorreu dois anos após seu ca­samento com Jorge. Nilda (o novo nome de Zilda) nasceu, porém, surda-muda e mentalmente retardada, em consequência do trauma perispirítico experimentado com o envenenamento voluntário. Al­guns anos mais tarde, Jorge foi internado em um leprosário, onde estava em tratamento, e desde então, entre o marido doente e a fi­lhinha infeliz, Marina vinha padecendo o abatimento em que o grupo a encontrou, martelada igualmente pela tentação do suicídio. (Ação e Reação, capítulo 12, pp. 170 e 171.)

81. A dor é nossa custódia celestial – O problema de Marina era doloroso do ponto de vista humano, mas encerrava preciso ensinamento da Justiça Divina. Silas administrou novos recursos magnéticos à jovem mãe debilitada e Marina ergueu-se em espírito sobre o corpo somático, pousando em seus benfeitores o olhar vago e inexpressivo. O Assis­tente, como a despertar-lhe as percepções espirituais, afagou-lhe as pupilas, com as mãos aureoladas de fluidos luminescentes e, de re­pente, à maneira de um cego que retorna à visão, Marina viu a genitora que lhe estendia os braços amigos. Com lágrimas a lhe correrem dos olhos, refugiou-se-lhe no regaço, gritando de alegria: "Mãe! minha mãe!... pois és tu?" Luísa acolheu-a docemente no colo afetuoso e, mal reprimindo a emoção, disse-lhe: "Sim, filha querida, sou eu, tua mãe!... Rendamos graças a Deus por este minuto de entendimento". E, beijando-a ternamente, embora aflita, continuou: "Por que o desânimo, quando a luta apenas começa? Ignoras que a dor é a nossa custódia ce­lestial? que seria de nós, Marina, se o sofrimento não nos ajudasse a sentir e raciocinar para o bem? Regozija-te no combate que nos acri­sola e salva para a obra de Deus... Não convertas o amor em inferno para ti mesma e nem creias consigas aliviar o esposo e a filhinha com a ilusão da fuga impensada. Lembra-te de que o Senhor transforma o ve­neno de nossos erros em remédio salutar, para o resgate de nossas cul­pas... A enfermidade de Jorge e a provação de nossa Nilda constituem não somente o caminho abençoado de elevação para eles mesmos, mas igualmente para teu espírito que se lhes associa à experiência na trama da redenção!... Aprende a sofrer com humildade para que a tua dor não seja simplesmente orgulho ferido..."  (Obra citada, cap. 12, pp. 172 e 173.) 

82. Marina se ergue, transformada – Na sequência, Luísa procurou levantar o ânimo da filha infeliz: "Que fizeste do brio de mulher e do devotamento de mãe? Olvidaste o culto da oração que o lar te ensinou? Enganaste-te, assim tanto, para abraçar a covardia como glória moral? Ainda é tempo!... Levanta-te, desperta, luta e vive!... Vive para re­cuperar a dignidade feminina que tisnaste com a nódoa da traição... Recorda a irmãzinha que partiu, acabrunhada ao peso do fardo de afli­ção que lhe impuseste, e paga em desvelo e sacrifício, ao pé da fi­lhinha doente, a conta que deves à Eterna Justiça!... Humilha-te e resgata a própria consciência, com o preço da expiação dolorosa, mas justa... Trabalha e serve, esperando em Jesus, porque o Divino Médico te restituirá a saúde do esposo, para que, juntos, possamos conduzir a pequenina enferma ao porto da necessária restauração. Não penses estar sozinha, nas longas e ermas noites em que te divides entre a vigília e a desolação!... Comungamos os mesmos sonhos, partilhamos as mesmas lu­tas!... Que paraíso haverá para os corações maternos que choram, além do túmulo, senão a presença dos filhos abençoados, embora esses muitas vezes lhes ocasionem longos dias de angústia? Compadece-te de mim, tua mãe, por enquanto sentenciada ao sofrimento pelo amor com que te ama!..." Calou-se Luísa, pois que singultos incessantes lhe abafaram a voz. Marina, então, ajoelhada e lacrimosa, beijava-lhe as mãos, cla­mando: "Mãe querida, perdoa-me! perdoa-me!..." A mãe ergueu-a e, con­duzindo-a até à criança enferma, implorou-lhe, humilde: "Filha que­rida, não procures a porta falsa da deserção... Vive para tua fi­lhinha, como permite o Senhor possa eu continuar vivendo por ti!..." Marina rojou-se sobre a menina triste, mas, atraída pelo próprio corpo, acordou em pranto copioso, bradando, inconsciente: "Minha filha!... minha filha!..." A jovem ressurgia do episódio, transfor­mada. Estava afastado o perigo do suicídio. (Obra citada, cap. 12, pp. 173 e 174.) 

83. O caso Poliana – A assistência a Marina e a Jorge, acolhido no leprosário, continuou nas semanas seguintes, ao lado de outras tarefas que se cobriam de êxito desejável, quando certa noite, no parlatório, Silas foi procurado por um companheiro aflito. "Assistente – disse ele –, nossa irmã Poliana parece vergar, em definitivo, ao peso da imensa prova." E informou que a irmã se encontrava enferma e seu equi­líbrio orgânico declinava de hora a hora, embora lutasse heroicamente para conservar-se ao pé do filho infeliz. A resposta de Silas foi ime­diata e, a breves minutos, ele, André e Hilário – utilizando a voli­tação para lograr mais tempo – chegavam a um casebre situado em zona rural pobre e triste, onde infortunada mulher jazia enrolada em farra­pos, numa esteira de palha ao rés do solo, ao lado de mísero anão pa­ralítico, a exibir o semblante alvar. De pronto via-se-lhe a idiotia completa, sob a vigilância da mãe desditosa, que o fitava entre a aflição e o desencanto. Silas informou: "Temos aqui nossa irmã Poliana e Sabino, o filho desventurado que o Poder Celeste lhe confiou. Espi­ritualmente, são ambos tutelados da Mansão, em pedregoso caminho de reajuste". O coração de Poliana apresentava alarmante arritmia, figu­rando-se-lhes agitado prisioneiro a emaranhar-se nas artérias estrei­tadas em estranhas calcificações. Examinando-a, Silas esclareceu: "Os vasos enfraquecidos do miocárdio ameaçam ruptura próxima, porquanto a doente se encontra na tensão de angústia extrema. A parada súbita do órgão central pode ocorrer de um instante para outro". Ela necessi­tava, porém, de mais tempo no corpo, por causa do filho. Além de jun­gidos à mesma prova, respiravam o mesmo clima psíquico e se alimenta­vam, um ao outro, com as forças que exteriorizavam, no campo da afini­dade pura. Dessa maneira, a desencarnação da genitora repercutiria mortalmente sobre ele... (Obra citada, capítulo 13, pp. 175 a 177.)

Respostas às questões propostas


A. Que provações se abateram sobre Marina?

Por haver contribuído diretamente para o suicídio da irmã, Marina recebeu-a como filha, mas esta, em face do trauma perispirítico por ela mesma causado, nasceu surda-muda e mentalmente retardada. Al­guns anos mais tarde, Jorge (marido de Marina) foi internado em um leprosário, onde estava em tratamento, e desde então, com o marido doente e a fi­lhinha infeliz, Marina vinha padecendo o abatimento em que o grupo de socorristas a encontrou, martelada pela tentação do suicídio. (Ação e Reação, cap. 12, pp. 170 e 171.)

B. Como a mãe de Marina, já desencarnada, definiu a dor?
A dor, disse ela à filha, é a nossa “custódia ce­lestial”. Que seria de nós, se o sofrimento não nos ajudasse a sentir e raciocinar para o bem? Após dizer essas palavras, a mãe pediu-lhe: “Regozija-te no combate que nos acri­sola e salva para a obra de Deus... Não convertas o amor em inferno para ti mesma e nem creias consigas aliviar o esposo e a filhinha com a ilusão da fuga impensada. Lembra-te de que o Senhor transforma o ve­neno de nossos erros em remédio salutar, para o resgate de nossas cul­pas... A enfermidade de Jorge e a provação de nossa Nilda constituem não somente o caminho abençoado de elevação para eles mesmos, mas igualmente para teu espírito que se lhes associa à experiência na trama da redenção!... Aprende a sofrer com humildade para que a tua dor não seja simplesmente orgulho ferido..."  (Obra citada, cap. 12, pp. 172 e 173.)

C. O encontro com sua mãe produziu algum efeito em Marina?
Sim. Quando Luísa, sua mãe, se calou, Marina, então, ajoelhada e lacrimosa, beijou-lhe as mãos, cla­mando: "Mãe querida, perdoa-me! perdoa-me!..." A mãe ergueu-a e, con­duzindo-a até à criança enferma, implorou-lhe, humilde: "Filha que­rida, não procures a porta falsa da deserção... Vive para tua fi­lhinha, como permite o Senhor possa eu continuar vivendo por ti!..." Marina rojou-se sobre a menina triste, mas, atraída pelo próprio corpo, acordou em pranto copioso, bradando, inconsciente: "Minha filha!... minha filha!..." A jovem ressurgia do episódio, transfor­mada. Estava afastado o perigo do suicídio. (Obra citada, cap. 12, pp. 173 e 174.) 






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