sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A perfeita sublimação é obra dos séculos incessantes



Como a Humanidade se transformará? Vai levar tempo? Que mecanismos serão necessários para isso?
As perguntas acima são recorrentes no grupo de que participamos. Trata-se de questões importantes, sobretudo quando se processam os acontecimentos que preparam o advento de um planeta renovado, em que sua principal função não terá vínculo com provas, expiações ou reparações.
É claro que esse dia está muito longe – melhor dito, bem mais longe do que supõem os mais pessimistas –, visto que a qualidade, superior ou inferior, de um planeta é o reflexo da qualidade das pessoas que nele habitam. Assim, um mundo renovado exigirá que nele reencarnem pessoas renovadas.
Allan Kardec e Gabriel Delanne trataram do tema que ora examinamos, respectivamente, em O Livro dos Médiuns e Entre Irmãos de Outras Terras. O primeiro foi publicado inicialmente em 1861; o segundo, em 1966. A diferença de 105 anos entre uma publicação e outra não alterou, porém, a ideia que animou os dois autores.
No tocante à transformação da Humanidade, diz Kardec que tal meta somente poderá ser alcançada com o melhoramento das massas, o que pode acontecer gradualmente e pouco a pouco somente pelo melhoramento dos indivíduos. (Cf. O Livro dos Médiuns, item 350.)
Com efeito – diz o Codificador –, de que valerá crer na existência dos Espíritos, se essa crença não tornar melhor, mais benevolente e mais indulgente o indivíduo e se não o fizer mais humilde e mais paciente na adversidade? De que servirá a um indivíduo avarento ser espírita se permanecer avaro; ao orgulhoso, se continuar sempre cheio de si mesmo; ao invejoso, se estiver sempre nutrindo sentimentos de inveja? Todos os homens poderiam então crer nas manifestações e a Humanidade permaneceria estacionária. Esses não são, porém, os desígnios de Deus, e é para o fim visado pela Providência que devem tender todas as sociedades espíritas sérias, concorrendo de forma ativa para que, a partir do melhoramento dos indivíduos, a sociedade também se aprimore.
A ideia, como dissemos, foi reafirmada 105 anos por Gabriel Delanne (Espírito), numa entrevista que ele concedeu a André Luiz, o mesmo autor da conhecida Série Nosso Lar.
Vejamos algumas questões propostas por André e as respostas de Delanne:

André: Exprimindo-se desse modo, refere-se à necessidade da divulgação da Doutrina Espírita?
Delanne: Sim.
André: Mas, segundo o seu conceito, a divulgação terá de efetuar-se de pessoa a pessoa. Teremos entendido certo?
Delanne: Sim, de pessoa a pessoa, de consciência a consciência. A verdade a ninguém atinge através da compulsão. A verdade para a alma é semelhante à alfabetização para o cérebro. Um sábio por mais sábio não consegue aprender a ler por nós.
André: Não considerará, porém, que esse processo é moroso demais para a Humanidade?
Delanne: Uma obra-prima de arte exige, por vezes, existências e existências para o artista que persegue a condição do gênio. Como acreditar que o esclarecimento ou o aprimoramento do Espírito imortal se faça tão-só por afirmações labiais de alguns dias? (Entre Irmãos de Outras Terras, obra psicografada por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.)

À vista do acima exposto, não nos é difícil compreender como a Humanidade se transformará, uma tarefa que, evidentemente, levará muito tempo. Como diz Abel Gomes, em mensagem psicografada por Chico Xavier, publicada no livro Falando à Terra, a “perfeita sublimação é obra dos séculos incessantes”.
Quanto aos mecanismos, de novo se impõe a importância da educação – educação da criança, do jovem, do idoso – e da aplicação em nossa vida daquilo que aprendemos, cientes de que, como lembrou Abel Gomes na mesma mensagem acima citada: “À maneira que nos desenvolvemos em sabedoria e amor, consideramos a perda dos minutos como sendo a mais lastimável e ruinosa de todas”.




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