terça-feira, 31 de março de 2015

Solidão: simplesmente o silêncio para a alma


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

A solidão não deveria trazer medo nem angústia, ela é somente o momento para meditar, conhecer-se e alcançar estágios mais elevados; é a alma que se perturba e se apavora com o silêncio solitário, silêncio que aviva a voz da consciência sem ter para onde fugir, no entanto, há como se renovar e se reconstruir.
Simplesmente em sua perfeita significância, a solidão é o tempo do diálogo interior e da reflexão quanto ao direcionamento em que se está para a tranquilidade ou o desespero da alma; é a sondagem dos sentimentos e atos; é a verificação da coragem ou não perante o medo, o sorriso ou não perante a conquista.
E o fato de conseguir, ou melhor, de querer e apreciar a própria companhia é imprescindível, pois essa companhia será para a eternidade, nunca se poderá fugir de si e sempre consigo estará.
Há incontáveis almas necessitadas de paz, da calma que ordena os pensamentos e amplia o melhor caminho a seguir, do recolhimento que verdadeiramente define a situação da centelha que é divina e eterna. Entretanto, essas almas ainda sofrem a falta de fé no Criador e as ocorrências externas passam a esmorecê-las e deixá-las à mercê dos desatinos e desesperos.
Quando se está fortalecido pela energia divina, a solidão torna-se vigor para o estreitamento desse laço, pois é no silêncio solitário que se ouve a voz amiga e se compreende a imensidade da vida, que se sente a perfeição em ínfimos detalhes, que se emociona com toda a grandeza incomparável de Deus.
Tudo será compreendido quando intrinsecamente for absorvido e esclarecido. A solidão promove o encontro com a própria essência porque durante cada dia inúmeros papéis são representados, mas é no tempo pessoal que se encontra com o seu profundo e completo eu.
A solidão nunca foi e nem será problema, mas o desencontro interno é que favorece o grande tormento. O caos pode abater o espaço externo e a alma não se perturbará, entretanto, o exterior pode estar em perfeita conjunção, mas se a constituição interna estiver desalinhada, nada de fora harmonizará a essência.
Com o recolhimento, a música é mais observada, a flor é mais perfumada, sente-se o ar preencher os pulmões, é possível ouvir o corpo trabalhar em seu próprio silêncio, pode-se, então, verificar quão fabulosa é a vida em detalhes nunca antes percebidos. A solidão é o recurso primoroso para a compreensão, pois é nesse tempo que se é mais capaz de fazer a prece e ouvir o retorno de como, sinceramente, o coração se encontra e o melhor caminho a seguir.
Não é o lugar nem o som que farão o coração feliz, mas o seu estado, pois ele sentirá a sua própria energia como e onde estiver.
E dias se foram e dias se vivem e dias virão, é o curso natural. Isso nunca será interrompido em tempo e lugar. E cada um, inseparável de si e eternamente, será seu companheiro na jornada da evolução. Tanto melhor conviver bem com quem não se pode separar.
Como o céu e o infinito, assim é o espírito e sua própria companhia; na calma dos dias ou na turbulência das emoções; na solidão da vida ou na completude do progresso. Serão sempre o eu e o seu espírito, mas Deus é o sábio condutor do universo e conhecedor supremo, pelo nome e pelo próprio amor, de cada filho Seu. Por isso, a solidão não deve ser o maior desafio, no entanto, o desafio definitivo será o autoconhecimento e autoaprimoramento.
O grande amigo está em si e também o seu oposto, se permitir. Tudo se resume na observação dos pensamentos, sentimentos, palavras e atitudes. Na verdade, a solidão só deve ser o silêncio para conversar com Deus.

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