domingo, 26 de abril de 2015

Suicídio – é possível prevenir?


Lemos meses atrás no Jornal de Londrina uma notícia desalentadora, a respeito do aumento do número de suicídios em Londrina, cuja incidência cresceu 52% nos últimos cinco anos, percentual que foi ainda maior (57%) na faixa etária de 20 a 29 anos, na qual, aliás, ocorre o maior número de casos.
Na reportagem a que nos referimos, foram transcritos depoimentos de dois profissionais da área da saúde.
Afirmou o psicoterapeuta Ivan Capelatto, de Campinas (SP), em entrevista concedida ao periódico: “O que a gente tem encontrado nos estudos é a decepção com a família, com amigos, consigo mesmo, porque começou a ficar muito difícil pertencer a essa sociedade pós-moderna. Há suicídios cujo objetivo é machucar o outro, mas há suicídios que são a insuportabilidade de viver”.
O diagnóstico coincide com o que temos aprendido na doutrina espírita a respeito dos desafios que todos nós enfrentamos na experiência reencarnatória, especialmente num planeta que apresenta, como características básicas, servir como mundo de provas, reparação e expiação.
Pesam-nos muito a carga do passado, a necessidade da reparação e o enfrentamento de situações que nós mesmos escolhemos antes de retornarmos ao cenário terrestre. É por isso que encontramos na experiência comum pessoas que vencem seus obstáculos e uma parcela de quem não consegue superar as vicissitudes inerentes ao projeto reencarnatório escolhido.
O tema suicídio já foi por nós examinado em inúmeras oportunidades na revista O Consolador, ocasião em que lembramos os diferentes aspectos doutrinários pertinentes ao assunto, especialmente no tocante às consequências para aquele que decidiu pôr fim à sua existência. Repitamos: “fim à sua existência”, não fim à vida, porque esta jamais se extingue, estejamos ou não revestidos de um corpo carnal. 
Na entrevista concedida ao Jornal de Londrina, Ivan Capelatto não fala somente sobre causas, mas sugere algumas medidas de caráter preventivo. “Para fazer a prevenção – afirma ele –, temos de começar a mostrar para a criança valores como afeto, carinho pelo outro; os pais devem ficar mais juntos dos filhos, fazer com que as crianças suportem o desprazer, sempre colocando limite como: ‘não, agora não pode’. Eles precisam sentir que deverão buscar um sonho, buscar uma relação com a vida.”
O outro especialista citado na reportagem é a psicóloga Karen Scavacini, de São Paulo (SP), mestre em Saúde Pública na área de Promoção de Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio. Karen entende ser possível prevenir o suicídio a partir do momento em que se lança luz sobre causas, fatores de risco, sinais de risco e fatores de prevenção.
Dentre os fatores de risco, aponta a psicóloga a falta de sentido para a vida e o sentimento de desesperança. Como fatores de prevenção, menciona a autoconfiança, o sentimento de valor pessoal, o apoio familiar e de amigos, sentimento de pertencimento, bons relacionamentos, capacidade de pedir ajuda, boa alimentação e bom sono.
À luz do Espiritismo, entendemos que valeria a pena incluir nessas medidas a prática da oração, o exercício do bem, o Evangelho no lar e, em especial, fé, esperança e integral confiança em Deus, que, como ninguém ignora, só deseja o bem para os seus filhos.
Curiosamente, os especialistas defendem, também, que se tire o tema do silêncio, contrariando uma antiga política adotada pela imprensa em geral, que sempre evitou dar destaque ao assunto, entendendo que isso poderia concorrer para o aumento dos casos.
O silêncio é realmente útil em inúmeras situações, mas nos parece evidente que, em se tratando da prevenção do suicídio, ele, sem dúvida, não ajuda.



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