sábado, 16 de maio de 2015

Catacrese, catástrofe e catacrise


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Amiga leitora, você gosta de figura? Depende? Só se for do seu amado? E de figura de linguagem? Seria “tipo assim” uma metáfora? Está esquentando...
A figura de que tratarei hoje é a chamada catacrese. Ela é utilizada o tempo todo por nós sem que o percebamos. Quer exemplo? Lá vai. Quando você diz quebrei a perna, todo o mundo entende que é sobre um membro do corpo que você se refere, não é mesmo?
Aí é que está a grande confusão entre os que entendem algo falado ou escrito no seu sentido denotativo ou conotativo. O primeiro é o sentido próprio da palavra. O segundo é o sentido representado por uma das figuras de linguagem, cujo significado é simbólico. A figura de linguagem mais comum, por seu sentido figurado ou conotativo, é a metáfora. No caso da perna quebrada, se você se refere a um dos apêndices que sustenta a mesa de sua casa, você está utilizando uma catacrese porque toma o significado de uma palavra e empresta-o a outra, sem que, em geral, perceba, por se tornar esse hábito algo muito corriqueiro em nossa linguagem.
É comum dizer-se que se está embarcando no ônibus ou no avião, e não no barco. Também muita gente cai nos braços... da poltrona. Outros viram um vaso de cabeça para baixo; e assim por diante vão transferindo o significado de uma palavra para outra, pois quem tem braços somos nós, quem tem cabeça é animal e não vaso. Tudo isso é catacrese.
Hoje, 5 de maio de 2015, ocorreu mais uma catacrese no Brasil, por parte da população que não aguenta mais o PT: o panelaço, do qual tenho a honra de lhe dizer que participei com prazer. Não é sobre uma panela enorme que me refiro, figuradamente, e, sim, sobre as batidas ritmadas que a população antipetista (a maioria), mais uma vez, fez durante um pronunciamento do PT em cadeia nacional (cadeia? Isso também é catacrese).
Na executiva nacional do partido, ocorrida no início de abril passado, com a presença do ex-presidente Lula, foram apresentadas, entre outras, as seguintes sugestões, que comentamos:
1) Uma militância política mais forte.
Militar o quê? Cuidado... alguns brasileiros, quando ouvem a palavra militância pensam num outro tipo de catacrese: a dos militares limitando a militância (mas isso não é catacrese, e sim trocadilho infame).
2) Retorno às origens.
Aqui pode ocorrer o risco de 86% da população aplaudir, imaginando que o retorno às origens é o regresso à cadeia dos corruptos e corruptores (Percebeu, leitora, um “pt” em cada palavra? Mera coincidência).
3) Democratização da mídia.
Ou seja, antes que nos impeçam, dizem os nossos amigos petistas, vamos calar a imprensa e instaurar a ditadura do partido. Dizem que os “companheiros” sofrem do complexo denominado “teoria da conspiração”. Só espero que não pensem num contragolpe e tentem impedir a livre manifestação do pensamento, tão proclamada por eles antes de serem merecidamente perseguidos.
4) Taxar as grandes fortunas.
Ué, e já não taxaram? Vejam os bilhões da Petrobrás. Foram retirados do país para que ninguém mais pudesse usufruir de sua produção, como o fizeram as empresas contratadas pelo PT, segundo acusações que vêm sendo confirmadas, inclusive com a prisão de mais um tesoureiro petista. Virou moda, em Brasília, depor governador, cassar político não petista ou aliado e prender todo tesoureiro do PT.
Pt. maldade...
Sugiro, então, que em vez de catacrese, chamemos o pronunciamento petista de catastrófico e o panelaço de hoje de... catacrise.

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