domingo, 20 de dezembro de 2015

“Estenda, quanto puder, as obras de caridade”



O conselho acima nos foi dado por Valérium (Espírito) em seu livro Bem-aventurados os simples (edição FEB de 1962), aos nos mostrar em imagem singela como o ato de amor enriquece a obra da beneficência.
Certa pessoa pediu a um amigo que desse ao primeiro cão que encontrasse na rua um osso previamente selecionado. Ao se aproximar o animal, o amigo jogou-lhe, com desprezo, o osso. O cachorro pegou-o desconfiado e partiu indiferente. Algum tempo depois, a pessoa deu a outro cão que por ali passava um osso semelhante ao primeiro, mas, em vez de jogar-lhe a prenda, chamou-o com palavras amigas, em que vibrava o sentimento de carinho, expressão do amor universal. O cão aproximou-se e permaneceu ao lado de seu novo amigo, a lamber-lhe as mãos.
Valérium conclui sua narrativa dizendo que devemos estender, sim, quanto pudermos, as obras de caridade. “Contudo – adverte –, ajudando alguém, é preciso saber como você ajuda.”
Esse conselho vem bem a propósito nestes dias que antecedem mais um Natal.
A beneficência, uma virtude tão enaltecida nas épocas natalinas, mereceu todo um capítulo do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Kardec.
Devemo-la praticar sempre – tal é a recomendação cristã-espírita – mas sem propósito de ostentação, ou seja, ocultando a mão que dá, o que é sinal de indiscutível superioridade moral, porquanto, além da caridade material, se exercita para com o assistido a caridade moral. “O sublime da verdadeira generosidade é quando o benfeitor, mudando de papel, encontra o meio de parecer ele mesmo beneficiado em face daquele a quem presta serviço”, eis o que Kardec registra no capítulo 13 da obra citada.
Existem modos inúmeros de se praticar a caridade, na qual se inclui a beneficência em prol dos menos aquinhoados.
Cáritas assim se referiu ao assunto: “Há várias maneiras de se fazer a caridade, que muitos dentre vós confundem com a esmola; há, todavia, uma grande diferença. A esmola, meus amigos, é algumas vezes útil porque alivia os pobres, mas é quase sempre humilhante para aquele que a faz e para aquele que a recebe. A caridade, ao contrário, liga o benfeitor e o beneficiado, e depois se disfarça de tantas maneiras! Pode-se ser caridoso mesmo com os parentes, com os amigos, sendo indulgentes uns para com os outros, em se perdoando as fraquezas, em tendo cuidado para não ferir o amor-próprio de ninguém: para vós, espíritas, em vossa maneira de agir para com aqueles que não pensam como vós, em conduzindo os menos esclarecidos a crerem, e isso sem os chocar, sem contradizer suas convicções, mas os conduzindo muito suavemente às nossas reuniões, onde poderão nos ouvir e onde saberemos encontrar a brecha do coração por onde devemos penetrar. Eis um aspecto da caridade”. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 13, item 14.)
Cáritas examina, em seguida, a beneficência para com os pobres e relata o trabalho das senhoras que, anonimamente, visitam e assistem as mães carentes, levando-lhes o agasalho nas épocas de frio, o remédio, o pão e a solidariedade que torna em fardos suaves as provas mais difíceis.
Pode-se criticar – e certamente criticam – as obras erguidas pela beneficência sob o argumento de que o ideal seria que todos pudessem, por seu próprio esforço, receber a justa remuneração que os isentasse do auxílio alheio. Claro que esse seria o ideal de uma sociedade em que Cristo imperasse através de seus ensinamentos, porquanto numa comunidade organizada segundo a visão evangélica ninguém deveria passar fome. Ocorre que os críticos se esquecem de que nem sempre temos condições de reverter o quadro social. Há crianças padecendo de fome, de frio, de moléstias derivadas da desnutrição. Há famílias vivendo humildemente em casebres desprovidos de luz, de água e de qualquer conforto. Por isso, enquanto os que dirigem a Nação vão moldando a sua face para construir um País mais digno, que os homens de bem façam também a sua parte, para mostrar, sobretudo, que existe solidariedade e que a mais pobre de todas as criaturas não está abandonada à própria sorte, sem a proteção de Deus.



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