domingo, 15 de maio de 2016

Reflexões à luz do Espiritismo



Qual a melhor aplicação da fortuna?

Cremos que entre os adeptos do Espiritismo não existe dúvida: riqueza e pobreza são provas pelas quais o Espírito necessita passar, tendo um objetivo mais alto, que é seu aperfeiçoamento espiritual.
Deus concede-nos a prova da riqueza ou da pobreza, para experimentar-nos de modos diferentes. A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação. A riqueza é, para os que a usufruem, a prova da caridade e da abnegação.
É preciso que entendamos: a existência corpórea é passageira e a morte do corpo priva o homem de todos os recursos materiais de que eventualmente disponha no plano terráqueo. Pobres e ricos voltam, pois, à vida espiritual em idênticas condições, o que mostra que a posição social do rico ou do pobre não passa de expressão transitória.
Fixemo-nos hoje na prova que é considerada mais perigosa para o sucesso do Espírito: a riqueza.
Que aplicações deve o homem rico dar à fortuna de que desfruta?
Qual delas será, para ele, a melhor?
No cap. XVI d´O Evangelho segundo o Espiritismo, Kardec apresenta-nos, a propósito do assunto, duas ordens de ideias.
A primeira, proposta pelo Espírito de Cheverus, pode ser assim resumida:
"Amai-vos uns aos outros", eis a solução do problema. Essa frase guarda o segredo do bom emprego das riquezas. Aquele que se acha animado do amor do próximo tem aí traçada sua linha de proceder. Na caridade está, para a riqueza, o emprego que mais apraz a Deus. Não a caridade fria e egoísta, que consiste em espalhar ao derredor o supérfluo de uma existência dourada, mas, sim, a caridade plena de amor, que procura a desgraça e a ergue, sem a humilhar.
Que o rico dê não apenas do que lhe sobra, mas também um pouco do que lhe é necessário, porquanto o de que ele necessita é ainda supérfluo. Mas que saiba dar com sabedoria, indo às origens do mal, aliviando primeiro e, em seguida, verificando se o trabalho, os conselhos, mesmo a afeição, não seriam mais eficazes do que a sua oferenda.
Que ele difunda em torno de si, com os socorros materiais, o amor a Deus, o amor ao trabalho, o amor ao próximo, sabendo dessa forma colocar sua riqueza sobre uma base que nunca lhe faltará e que lhe trará grandes lucros: a das boas obras.
A segunda proposta, assinada pelo Espírito de Fénelon, focaliza uma outra faceta acerca da utilização da fortuna.
Lembra-nos Fénelon que sendo o homem o depositário, o administrador dos bens que Deus lhe pôs nas mãos, contas severas lhe serão pedidas do emprego que lhes haja dado no uso do seu livre-arbítrio.
O mau uso consiste em aplicar sua fortuna exclusivamente na sua satisfação pessoal. O bom uso, ao contrário, verifica-se sempre que dela resulte um bem qualquer para outrem. O merecimento de cada Espírito está na proporção do sacrifício que se impõe a si mesmo.
A beneficência é, sem dúvida, importante, mas constitui apenas um dos modos de empregar-se a riqueza. A beneficência alivia a miséria, aplaca a fome, preserva do frio e proporciona abrigo aos que não o têm. Há, contudo, um dever igualmente imperioso e meritório, que é o de prevenir a miséria. Essa é, sobretudo, a missão das grandes fortunas, missão a ser cumprida mediante os trabalhos de todo gênero que com elas se podem executar.
O trabalho desenvolve a inteligência e exalça a dignidade do homem, facultando-lhe poder dizer que ganha com seu trabalho o pão que come, enquanto a esmola geralmente humilha e degrada.
A riqueza concentrada em uma mão deve ser qual fonte de água viva que espalha a fecundidade e o bem-estar ao seu derredor.
Aos ricos que a empregarem segundo as vistas do Senhor, Fénelon diz que serão eles os primeiros a dessedentar-se nessa fonte benfazeja, porque já nesta existência fruirão os inefáveis gozos da alma, em vez dos gozos materiais do egoísta, que produzem no coração o vazio. Seus nomes serão benditos na Terra e, quando a deixarem, o soberano Senhor lhes dirá, como na parábola dos talentos: “Bom e fiel servo, entra na alegria do teu Senhor”.
Nessa parábola, como sabemos, o servidor que enterrou o dinheiro que lhe fora confiado é a representação dos avarentos, em cujas mãos se conserva improdutiva a riqueza.
Jesus falou, é verdade, frequentes vezes, sobre a importância da esmola; mas não nos esqueçamos de que naquele tempo e na região em que ele vivia não se conheciam os trabalhos que as artes e a indústria criaram depois e nas quais as riquezas podem ser aplicadas utilmente para o bem geral.
A todos os que podem dar, pouco ou muito, dir-se-á, pois: – Dê esmola quando for preciso, mas, tanto quanto possível, procure convertê-la em salário, a fim de que aquele que a receba não se envergonhe dela.



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