sábado, 17 de setembro de 2016

Contos e crônicas



A morte de Camilo Castelo Branco e suas consequências

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco foi um dos mais célebres e produtivos escritores portugueses que, aos 65 anos, suicidou-se com um tiro de revólver na têmpora direita. Seu gesto desesperado foi em consequência de ter ficado cego, após ter sido contaminado pela sífilis em grau avançado.
Camilo nasceu em 16 de março de 1825, em Mártires, Lisboa, e seu falecimento deu-se em 1º de junho de 1890, em Vila Nova de Famalicão, Portugal. Tivera vida boêmia e de jogatina, embora tenha escrito mais de 260 obras, com linguagem primorosa, o que lhe rendeu justas homenagens do governo português.
Despertou cerca de seis meses depois, aprisionado num vale profundo e sombrio. Ali, ouvia insistentes uivos enfurecidos de espíritos em profundo sofrimento. O solo cheirava mal, “era imundo, pastoso, escorregadio, repugnante!” Sentia-se asfixiar num clima gelado, escuro e com nuvens de tempestade pairando no espaço enegrecido de uma gruta gigantesca, repleta de espíritos criminosos e agressivos, com os quais, inúmeras vezes, tinha de lutar e rolar na lama fluídica onde se encontrava, com os sentidos mais apurados e, consequentemente, mais sofridos.
O insulto e o ridículo, a truculência e o sarcasmo feriam-no imensamente naquele lugar, onde a palavra Deus não existia...
Percebe, então, que todos os espíritos prisioneiros, como ele, naquela região trevosa e de tormentos inauditos, não usufruiriam paz e esperança jamais. O inferno narrado por Dante Alighieri era como o paraíso, em vista do que observava e sentia em torno de si. O vale dos hansenianos, em Jerusalém, repulsivo e humilhante, seria um lugar reconfortador, em relação àquele em que eles estavam.
Lá havia, ao menos, solidariedade. Cá somente existia choro e “ranger de dentes”, em vista da dor moral sentida pelos réprobos do lugar. No vale dos hansenianos, desfrutava-se do sol benfazejo, do orvalho das madrugadas, do aconchego dos que se amavam e até... diversões. Podia-se ver e ouvir, ali, o canto dos pássaros, o voo das andorinhas, o brilho das estrelas, e até mesmo era possível namorar e sonhar com uma alvorada libertadora.
Mas no vale dos suicidas, na caverna onde Camilo fora aprisionado, só havia sombras, espectros tenebrosos, aves agourentas, risos sinistros, gritos de revolta, de loucura e de dor inauditos. Ali, não havia céu, não havia sol, não havia trégua para a dor causada pelos atos desatinados dos trânsfugas da Lei Divina, do Pai  que nos destinou a vida eterna e, com ela, a responsabilidade de colher aquilo que semeamos, de bom ou de mal.
A vida além-túmulo é real. Dali saem as inspirações para a existência no corpo físico. Dela decorrem os planejamentos para que avancemos em conhecimentos e, sobretudo, em sabedoria. Porém, todos somos dotados de livre-arbítrio e, do uso que fizermos dessa liberdade, podemos encontrar, após a vida material, o bem ou o mal, a tristeza ou a alegria, o sofrimento ou a felicidade.
E o espírito criminoso, somente após um período indefinível de tormentos espirituais, que lhe parece uma eternidade, encontra, desde que sinceramente arrependido, mas também profundamente atormentado, o socorro dos espíritos superiores, enviados de Deus, Pai amoroso que não desampara nenhum dos seus filhos.
Por isso, leitor amigo, mais uma vez, neste mês dedicado mundialmente à prevenção do suicídio, deixo consigo o alerta de quem precisou passar um longo tempo no mundo espiritual sofrendo as consequências de uma vida profana e uma “morte” voluntária: jamais se deixe levar por esse gesto extremo, em tempo algum.
Viva com alegria e lembre-se da frase citada por Chico Xavier: “Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas todos podemos começar agora e construir um novo fim”. Que esse fim seja sempre o do bem e o do respeito à vida, dom inviolável de Deus, nosso Pai Eterno.
E se você ainda tem dúvida quanto às consequências terríveis do gesto do suicídio, faço-lhe um último apelo: leia a obra psicografada pela médium Yvonne do Amaral Pereira, editada pela Federação Espírita Brasileira, intitulada Memórias de um suicida. Com certeza, após essa leitura, sua vontade de viver e de amar estará mais robustecida.






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