terça-feira, 6 de junho de 2017

Contos e crônicas



A chuva cai para alimentar a terra

CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Enquanto observava da janela da sala os últimos pingos após a tempestade, também buscava inspiração para alguma prosa ou poesia, desejava escrever. Mas inspiração não é coisa que se determina, ela vem quando quer, ou melhor, quando encontra terra arada. E do telhado parou de pingar. E a ponta de minha caneta estava parada sobre uma das páginas de um caderno ‒ prefiro ainda escrever à mão ‒ aguardando um começo, uma palavra que viesse para uma composição.
Bem mais seco estava o telhado. E a tarde continuou com a cor cinza, cor que acinzenta as cores primárias. A caneta escapou e fez um risco no papel. Assustei, pois não estava tão distraída assim. Mesmo em momentos de falta de inspiração, a disciplina cria condição, porém, nesta hora, nenhuma condição fora criada para minhas palavras. No entanto, outras palavras começaram a ser escritas. Períodos, parágrafos eram escritos. Virei a página e continuava. Sabia que não era minha literatura; eu estava presente, mas com certa ausência.
Foram vinte e duas páginas escritas. As palavras eram inclinadas para a direita. Quando escrevo, minha letra mantém posição vertical, portanto, não era minha composição. De quem poderia ser? Busquei o início do texto. Apareceu o vocativo, “Irmãos em Cristo”. Minha emoção transbordou em forma de forte arrepio com o sentimento que mais o Mestre nos ensina: o amor.
E a sequência da leitura foi em tom fraterno, amparador, de profunda instrução, a qual todos, pelo menos superficialmente, conhecemos o conteúdo, mas muito infelizmente relutamos em praticá-lo.
As palavras eram arranjadas com perfeição, sem excesso, nem limitação. Estou com as folhas em minhas mãos, no entanto, não consigo lê-las por inteiro, em voz alta, ainda não me recompus. Porém, posso relatar um pouco do muito que está escrito.
O início foi a abençoada saudação. E o conteúdo, tão completo, traz-nos o que já sabemos, não há vida se a vida não for cultivada, pois viver é muito além de dormir, alimentar-se, trabalhar mecanicamente e aguardar o pôr do sol e o amanhecer. Que o amor não será sentido se antes ele não brotar no próprio coração; assim, também, não haverá o respeito, a paciência, a tolerância, o perdão, a caridade se esses valores não forem sentidos antes pela própria criatura. Como somos centelhas eternas, necessitamos alimentar com o apropriado alimento o espírito a caminho da eternidade; materialidade pertence ao plano físico. Tudo o que é utilizado de forma equilibrada também será valioso, logo se aproveitará a sua essência. E uma citação primorosa: Somos centelhas criadas por Deus e Ele nos habita. E não há luz nem vida quando o pai está adormecido em nós.
Ainda nestas vinte e duas páginas, a prece foi nominada como a bonança para o nosso interior, quanto mais nos conectarmos com o Criador, mais sentiremos Sua onipotência e onipresença.
O céu foi clareando.
Guardarei com gratidão o abençoado presente; primeiro, toda a lembrança do aprendizado e segundo, as páginas em tinta que sempre me recordarão da certeza de que sou filha de Deus, como você, e somos irmãos de Jesus.
Algumas vezes não acontecerá o que desejamos, porém, o que devemos aprender e viver. Graças a Deus que o Pai não faz a vontade do filho, mas, sim, o que sempre será melhor para seu pequenino.
E antes de anoitecer, o sol deixou alguns raios singelos no céu. E o telhado já estava bem limpo para refletir o brilho das estrelas.

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