domingo, 18 de junho de 2017

Reflexões à luz do Espiritismo




Os desencarnados dispõem, sim, de inúmeras opções de lazer

Um amigo perguntou-nos como é o clima nas cidades espirituais e se é possível desfrutarmos nelas as benesses de um banho de sol.
Antes de qualquer coisa, é importante dizer que o assunto não é tratado nas obras fundamentais da doutrina espírita, mas somente, e de forma indireta, em alguns textos e livros de natureza mediúnica, como podemos encontrar, por exemplo, no livro O mundo em que eu vivo, do Espírito de Silveira Sampaio, psicografado por Zíbia M. Gasparetto, e no conhecidíssimo Nosso Lar, de André Luiz, psicografado por Chico Xavier.
Em ambos há referência ao chamado repouso e às opções de lazer que existem nas chamadas cidades espirituais mais próximas da crosta terrestre. Quanto às localidades em que vivem entidades desencarnadas mais evoluídas, nada ou muito pouco, pelo que sabemos, existe na literatura espírita.
Excursões ao Bosque das Águas, as harmonias do Campo da Música, as palestras ao ar livre, a notícia pertinente aos Campos de Repouso – eis referências que as pessoas que leram Nosso Lar conhecem perfeitamente.
Eis, na sequência, algumas informações extraídas da obra de André Luiz que nos parecem suficientes para responder ao nosso amigo:
Clarêncio, que se apoiava num cajado de substância luminosa, deteve-se à frente de grande porta encravada em altos muros, cobertos de trepadeiras floridas e graciosas. Tateando um ponto da muralha, fez-se longa abertura, através da qual penetramos, silenciosos. Branda claridade inundava ali todas as coisas. Ao longe, gracioso foco de luz dava a ideia de um pôr do sol em tardes primaveris. À medida que avançávamos, conseguia identificar preciosas construções, situadas em extensos jardins. (Nosso Lar, cap. 3.)
Envolvendo os dois enfermeiros na vibração do meu reconhecimento, esforcei-me por lhes dirigir a palavra, conseguindo dizer por fim:
– Amigos, por quem sois, explicai-me em que novo mundo me encontro... De que estrela me vem, agora, esta luz confortadora e brilhante?
Um deles afagou-me a fronte, como se fora conhecido pessoal de longo tempo e acentuou:
– Estamos nas esferas espirituais vizinhas da Terra, e o Sol que nos ilumina, neste momento, é o mesmo que nos vivificava o corpo físico. Aqui, entretanto, nossa percepção visual é muito mais rica. A estrela que o Senhor acendeu para os nossos trabalhos terrestres é mais preciosa e bela do que a supomos quando no círculo carnal. Nosso Sol é a divina matriz da vida, e a claridade que irradia provém do Autor da Criação. (Nosso Lar, cap. 3.)
No dia imediato, após reparador e profundo repouso, experimentei a bênção radiosa do Sol amigo, qual suave mensagem ao coração. Claridade reconfortante atravessava ampla janela, inundando o recinto de cariciosa luz. Sentia-me outro. Energias novas tocavam-me o íntimo. Tinha a impressão de sorver a alegria da vida, a longos haustos. Na alma, apenas um ponto sombrio – a saudade do lar, o apego à família que ficara distante. Numerosas interrogações pairavam-me na mente, mas tão grande era a sensação de alívio que eu sossegava o espírito, longe de qualquer interpelação. (Nosso Lar, cap. 4.)
Aqui, em verdade, a lei do descanso é rigorosamente observada, para que determinados servidores não fiquem mais sobrecarregados que outros; mas a lei do trabalho é também rigorosamente cumprida. No que concerne ao repouso, a única exceção é o próprio Governador, que nunca aproveita o que lhe toca, nesse terreno. (Nosso Lar, cap. 11.)
Deslumbrou-me o panorama de belezas sublimes. O bosque, em floração maravilhosa, embalsamava o vento fresco de inebriante perfume. Tudo em prodígio de cores e luzes cariciosas. Entre margens bordadas de grama viçosa, toda esmaltada de azulíneas flores, deslizava um rio de grandes proporções. A corrente rolava tranquila, mas tão cristalina que parecia tonalizada em matiz celeste, em vista dos reflexos do firmamento. Estradas largas cortavam a verdura da paisagem. Plantadas a espaços regulares, árvores frondosas ofereciam sombra amiga, à maneira de pousos deliciosos, na claridade do Sol confortador. Bancos de caprichosos formatos convidavam ao descanso. Notando o meu deslumbramento, Lísias explicou:
– Estamos no Bosque das Águas. Temos aqui uma das mais belas regiões de "Nosso Lar". Trata-se de um dos locais prediletos para as excursões dos amantes, que aqui vêm tecer as mais lindas promessas de amor e fidelidade, para as experiências da Terra. (Nosso Lar, cap. 10.)
Nos círculos religiosos do planeta, ensinam que o Senhor criou as águas. Ora, é lógico que todo serviço criado precisa de energias e braços para ser convenientemente mantido. Nesta cidade espiritual, aprendemos a agradecer ao Pai e aos seus divinos colaboradores semelhante dádiva. Conhecendo-a mais intimamente, sabemos que a água é veículo dos mais poderosos para os fluidos de qualquer natureza. Aqui, ela é empregada sobretudo como alimento e remédio. Há repartições no Ministério do Auxílio absolutamente consagradas à manipulação de água pura, com certos princípios suscetíveis de serem captados na luz do Sol e no magnetismo espiritual. Na maioria das regiões da extensa colônia, o sistema de alimentação tem aí suas bases. (Nosso Lar, cap. 10 – explicações dadas por Lísias.)
Sorriu a senhora Laura, parecendo mais encorajada, e asseverou:
– Tenho solicitado o socorro espiritual de todos os companheiros, a fim de manter-me vigilante nas lições aqui recebidas. Bem sei que a Terra está cheia da grandeza divina. Basta recordar que o nosso Sol é o mesmo que alimenta os homens; no entanto, meu caro Ministro, tenho receio daquele olvido temporário em que nos precipitamos. Sinto-me qual enferma que se curou de numerosas feridas... Em verdade, as úlceras não mais me apoquentam, mas conservo as cicatrizes. Bastaria um leve arranhão, para voltar a enfermidade. (Nosso Lar, cap. 47.)
Em face de tantas e tão expressivas informações, cremos que nosso amigo e o leitor têm em mãos a resposta à pergunta que nos foi apresentada.




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