sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Iniciação aos clássicos espíritas





Memórias do Padre Germano

Amalia Domingo Soler

Parte 6

Continuamos o estudo metódico e sequencial do livro Memórias do Padre Germano, com base na 21ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo constitua para o leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. Que fato levou Gustavo ao suicídio?
B. Que ocorreu com Gustavo e Lina depois de sua desencarnação?
C. Como Germano tratou Júlio, que fora anteriormente o responsável pelo seu desterro?
D. Como Padre Germano se referia às paixões terrenas?
E. Que dizia Germano sobre o celibato e o confessionário?

Texto para leitura

52. Três anos se passaram e Lina, que também perdera os pais, passou a viver com os pais de Gustavo. Um dia, ela procurou Padre Germano e lhe disse: “Padre! Gustavo me chama e eu o escuto”; e assim dizendo, rogou-lhe fosse com ela para buscá-lo no front da batalha. (PP. 128 e 129)
53. Eles foram e, depois de mil peripécias, conseguiram localizar, num hospital improvisado, o pobre rapaz, completamente desfigurado pelos ferimentos sofridos e pelas vicissitudes advindas dos longos anos de batalha. (PP. 129 e 130)
54. Ao retornarem à aldeia, Miguel lhes disse que o pai de Gustavo falecera, impressionado por uma falsa notícia da morte do filho, não se sabendo, depois disso, o paradeiro da genitora do rapaz. (P. 130)
55. Com a cabeça envolta em sangrentas tiras, nas quais, por ordem médica, ninguém podia tocar, Gustavo morria aos poucos, visto que a febre que o devorava impedia lhe fosse dado qualquer alimento. De vez em quando, o rapaz tinha momentos lúcidos, quando então abria os olhos e fitava Lina com santa adoração; depois, voltava-se para Germano e dizia com amargura: “Pobre, pobre Lina!... Padre! Padre! Será verdade que não existe Deus?” (PP. 130 e 131)
56. Assim se passaram três meses, até que em certa manhã, enquanto Lina colhia no jardim algumas ervas para fazer um chá, Gustavo levantou-se da cama e, no delírio da febre, cravou pequena faca no coração, sem proferir um ai! Lina, sem nada dizer, cerrou-lhe os olhos piedosamente e, quando tentava arrancar a faca, violentamente sacudida, emitiu uma gargalhada estridente... Depois levantou-se, abraçou o Padre e durante quarenta e oito horas não fez outra coisa senão rir, presa de violentas convulsões, até que expirou, reclinando a cabeça no ombro do pároco, como fazia quando criança. (P. 131)
57. Padre Germano conta que toda vez que contempla a sepultura de Lina e Gustavo sente um mal-estar inexplicável e os vê a ambos, ele frenético, delirante, revoltado contra a sorte e negando Deus em sua loucura; ela, possuída do mesmo delírio, rindo sarcasticamente da morte da sua felicidade. Tanto ele quanto ela, diz Germano, se entregaram ao desespero e, por isso, suas almas atribuladas devem procurar-se mutuamente, sem se verem por algum tempo. “Todas as dores – assevera o Padre – têm sua razão de ser, todas as agonias são justificadas, e quem violentamente quebra os elos da vida terrena desperta nas trevas.” (PP. 132 e 133)
58. No cap. 13, “O Bem é a Semente de Deus”, vemos como o Padre Germano se arriscou para salvar da prisão Júlio, alto dignitário da Igreja, caído em desgraça, procurado por toda parte pelas forças do Rei. Júlio fizera a Germano todo o mal possível. Foi ele quem o desterrou para a aldeia e, temeroso de sua sombra, o intrigou para que Germano fosse preso como conspirador e feiticeiro. (PP. 135 a 137)
59. Após esconder Júlio em um lugar de difícil acesso, sugestivamente denominado Caverna do diabo, Padre Germano foi levado preso, permanecendo dois meses prisioneiro, como réu de Estado, mas sempre muito considerado e respeitado pelo Rei, alma enferma, espírito perturbado, a quem procurou ajudar com seus conselhos, enquanto esteve na Corte. (PP. 139 a 141)
60. Libertado a instâncias do povo, Padre Germano retornou à aldeia e soube, com assombro, que Júlio ainda permanecia escondido. Na mesma noite em que chegou, Germano foi com Sultão visitá-lo. Ao vê-lo, Júlio atirou-se nos seus braços e permaneceram assim longo tempo, enquanto Sultão os acarinhava a ambos. (PP. 142 e 143)
61. Padre Germano deu-lhe alentados conselhos e Júlio prometeu segui-los. Dias depois, disfarçado em frade, ele saiu do país e, decorrido um ano, mandou uma carta ao Padre Germano em que dizia: “Quanto tenho a agradecer-vos! Como me julgo hoje feliz neste recanto da Terra! Já os meninos me procuram, como a vós, já os velhos me pedem conselhos; já os pobres me bendizem. Os bens que pude salvar do confisco, empreguei-os em melhorar a triste sorte destes infelizes, que apenas comiam pão negro e que, hoje, graças aos meus cuidados, já têm alimentação abundante e sã”. “Bendito sejais! Sim, bendito o homem que me fez compreender que o bem é a semente de Deus!” (PP. 144 e 145)
62. “A Mulher é Sempre Mãe”, título do cap. 14, destaca a história de Maria, a filha de Antônio, o mais rico rendeiro da aldeia. (P. 146)
63. Maria trouxera grande missão consigo, qual a de amar incondicionalmente. Ela foi, segundo Padre Germano, um dos poucos seres que ele pôde ver cumprir as leis do Evangelho: “Maria é, e tem sido sempre, a caridade em ação”. (P. 147)
64. É preciso dizer, porém, que Maria se espelhava nos exemplos do Padre, a quem ela mesma declarou: “meu sentimento só despertou com a observação dos vossos atos”. E acrescentou: “Assim é que, vendo-vos dar a própria roupa, de mim para mim dizia: - Se ele assim procede, nós todos devemos imitá-lo. De ordinário, a criança não tem grande iniciativa e faz aquilo que vê fazer outrem, o que é poderoso incentivo para que sejamos bondosos, não tanto em nosso benefício, como para beneficiar o próximo. O homem é, na verdade, o espelho das crianças”. (P. 150)
65. No mesmo capítulo, Padre Germano volta ao tema do amor, asseverando: “Neste mundo, como apenas vemos a parte infinitesimal das coisas, a tudo se chama amor; e quantas vezes as paixões terrenas não passam de expiações dolorosas, pagamento de dívidas e obsessões tremendas, nas quais o Espírito quase sempre sucumbe à prova!” Afirmando que nesses casos a mulher é, certamente, quem mais sofre, o Padre conclui: “Eis a razão por que não trepido em afirmar que a mulher é sempre mãe, uma vez que ama sempre”. (P. 152)
66. Um dos contrassensos do sacerdócio católico, para o Padre Germano, está justamente na questão do celibato imposto aos sacerdotes: “Ordenam-nos que fujamos da mulher, mas que nos apoderemos, ao mesmo tempo, da sua alma! Mandam-nos dirigir seus passos, despertar-lhe os sentimentos, ler no seu coração como num livro aberto, proibindo-nos, entretanto, de amá-la, por ser pecado. Mas, visto que o impossível não pode constituir lei, o abuso se dá e dará sempre”. (P. 152)
67. Abominando de novo o confessionário, Padre Germano adverte: “Enquanto existir essa confissão, essas intimidades, dificílimo será o progresso de umas e o adiantamento de outros. Não peçamos aos homens que deixem de amar, abafando o coração, porque nada valem hábitos e votos ante a doce confidência para criar o escândalo, querendo contrariar as leis incontrastáveis da Natureza!” (P. 152) (Continua na próxima edição.)

Respostas às questões preliminares

A. Que fato levou Gustavo ao suicídio?
Foi o desespero aliado à descrença em Deus. Com a cabeça envolta em sangrentas tiras, Gustavo morria aos poucos, visto que a febre que o devorava impedia lhe fosse dado qualquer alimento. De vez em quando, o rapaz tinha momentos lúcidos, quando então abria os olhos e fitava Lina com santa adoração; depois, voltava-se para Germano e dizia com amargura: “Pobre, pobre Lina!... Padre! Padre! Será verdade que não existe Deus?” Assim se passaram três meses, até que, em certa manhã, ocorreu o suicídio. (Memórias do Padre Germano, pp. 130 e 131.)
B. Que ocorreu com Gustavo e Lina depois de sua desencarnação?
Diz Padre Germano que, toda vez que contemplava a sepultura de Lina e Gustavo, sentia um mal-estar inexplicável e os via a ambos, ele frenético, delirante, revoltado contra a sorte e negando Deus em sua loucura; ela, possuída do mesmo delírio, rindo sarcasticamente da morte da sua felicidade. Tanto ele quanto ela, diz Germano, se entregaram ao desespero e, por isso, suas almas atribuladas deveriam procurar-se mutuamente, sem se verem por algum tempo. “Todas as dores – explica o Padre – têm sua razão de ser, todas as agonias são justificadas, e quem violentamente quebra os elos da vida terrena desperta nas trevas.” (Obra citada, pp. 132 e 133.)
C. Como Germano tratou Júlio, que fora anteriormente o responsável pelo seu desterro?
Padre Germano se arriscou para salvar Júlio da prisão. Alto dignitário da Igreja, mas caído em desgraça e procurado por toda parte pelas forças do Rei, Júlio buscou proteção junto a Germano. Depois de esconder Júlio em um lugar de difícil acesso, Padre Germano foi levado preso, permanecendo dois meses prisioneiro, como réu de Estado, mas sempre muito considerado e respeitado pelo Rei, alma enferma, espírito perturbado, a quem procurou ajudar com seus conselhos, enquanto esteve na Corte. (Obra citada, pp. 135 a 141.) 
D. Como Padre Germano se referia às paixões terrenas?
Segundo ele, as paixões terrenas não passam, em muitos casos, de expiações dolorosas, pagamento de dívidas e obsessões tremendas, nas quais o Espírito quase sempre sucumbe à prova. Afirmando que nesses casos a mulher é, certamente, quem mais sofre, Germano concluiu: “Eis a razão por que não trepido em afirmar que a mulher é sempre mãe, uma vez que ama sempre”. (Obra citada, pág. 152.)
E. Que dizia Germano sobre o celibato e o confessionário?
O celibato era, segundo ele, um dos contrassensos do sacerdócio católico. Eis suas palavras: “Ordenam-nos que fujamos da mulher, mas que nos apoderemos, ao mesmo tempo, da sua alma! Mandam-nos dirigir seus passos, despertar-lhe os sentimentos, ler no seu coração como num livro aberto, proibindo-nos, entretanto, de amá-la, por ser pecado. Mas, visto que o impossível não pode constituir lei, o abuso se dá e dará sempre”. Sobre o confessionário, que ele abominava, Germano disse: “Enquanto existir essa confissão, essas intimidades, dificílimo será o progresso de umas e o adiantamento de outros”. (Obra citada, pág. 152.) 

Nota:
Links que remetem aos 3 textos anteriores:




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