sábado, 14 de outubro de 2017

Contos e crônicas







José Raul Teixeira, uma homenagem

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Amigo leitor, no dia 6 de outubro de 2017, foi feita homenagem aos 90 anos de Divaldo Pereira Franco, completados no último dia 5 de maio. O evento foi realizado no Auditório Ulisses Guimarães da Câmara dos Deputados, e, posteriormente, na sede da Federação Espírita Brasileira (FEB). Na Câmara, a Deputada Dorinha, após enaltecer o elevado trabalho do tribuno e médium baiano, passou-lhe a palavra para ele proferir sua alocução, que concluiu declamando o Poema da Gratidão, do espírito Amélia Rodrigues.
Um pouco mais tarde, Divaldo também foi homenageado na sede da FEB. Sobre o agraciado, o muito que falemos ainda é pouco, tendo em vista a admiração que o Brasil espírita lhe tem e o reconhecimento de seu belo trabalho, de repercussão internacional. 
Nessa data, também comemoramos, antecipadamente, o aniversário de José Raul Teixeira, meu irmão e amigo, a quem dedico as próximas linhas. Ele, que aniversaria no dia 7 de outubro, esteve presente à homenagem ao tribuno espírita Divaldo Pereira Franco e pudemos reencontrar-nos e estreitar os laços fraternos. (Na foto acima veem-se Raul, Edna, Jó e Lourdes.)
Conheci-o em Salvador, Bahia, quando ali residi, na década de setenta, e morava sozinho num quarto do próprio quartel, o 19º Batalhão de Caçadores. Por força do serviço militar, eu fora transferido, do Rio de Janeiro, minha terra natal, para a cidade soteropolitana, mas meu salário era tão baixo, que eu nem ao menos podia alugar um hotel barato na capital baiana. Nos finais de semana, frequentava a Juventude Espírita Nina Arueira, núcleo do Centro Espírita Caminho da Redenção, e, por vezes, assistia a reuniões públicas nessa casa, quando tinha a oportunidade de ouvir palestras de Divaldo Franco, de Nilson Pereira ou de algum convidado destes.
Num desses dias de reunião pública, lá estava o nosso irmão Raul, que fora convidado por Divaldo para fazer a exposição daquela noite (as palestras eram às 20h, toda a quarta-feira). O salão estava lotado, e o jovem palestrante foi brilhante. Ao final de sua exposição, cumprimentei-o, trocamos endereços e, a partir desse dia, passamos a nos corresponder por carta, que era o meio de comunicação mais eficaz, depois do telefone, naquele tempo.
Raul sempre me encorajava, em nossas correspondências, a prosseguir nos estudos e prática das boas ações, e eu sempre a reclamar do isolamento em que vivia, de doença crônica dos ouvidos etc. etc. etc. Haja coração e paciência para aguentar um amigo chorão desses, não é mesmo, meu irmão?
Entretanto, ali estavam dois jovens com o ideal superior de servir a Jesus, na divulgação e prática espírita. Um deles, pouco mais velho, o Raul, já com uma bagagem intelectual primorosa. O outro, Jó, ainda nem concluíra o ensino médio, mas já sonhava dedicar sua vida ao Espiritismo cristão...
No domingo seguinte àquela reunião, soube que o irmão Raul faria nova palestra na Federação Espírita do Estado da Bahia e, sem perda de tempo, fui assistir a sua iluminada palestra, munido de pequeno gravador com fita cassete. O tempo total de gravação era de uma hora, mas quase fiquei sem ouvir o final de sua brilhante palestra sobre as três alternativas da humanidade: a do materialismo, a do panteísmo e a do espiritualismo, pois o lado b da fita já estava quase cheio...
No final de sua exposição, o nobre Raul declamou um longo e belíssimo poema, psicografado por Chico Xavier e de autoria espiritual de José Silvério Horta, intitulado:

Prece

Louvado sejas, Senhor,
Na glória do Lar Celeste,
Pelos bens que nos trouxeste
No Evangelho redentor.
Na tarefa renovada
Que o teu olhar nos consente,
De espírito reverente,
Clamamos por teu amor.

Pobres cegos que fugimos
Da luz a que nos elevas,
Nossa oração rompe as trevas,
Escuta-nos, Mestre, e vem...
Retifica-nos o passo
Para a estrada corrigida,
Sustentando-nos a vida
Na força do Eterno Bem.

Dá-nos, Jesus, tua bênção,
Que nos consola e levanta...
Que a tua doutrina santa
Vibre pura e viva em nós!
Faze, Senhor, que nós todos,
Na caminhada incessante,
Cada dia, cada instante,
Posamos ouvir-te a voz.

Ampara-nos a esperança,
Socorre-nos a pobreza,
Liberta nossa alma presa
Do erro e da imperfeição!...
Mestre excelso da verdade,
Hoje e sempre, em toda parte,
Ensina-nos a guardar-te,
No templo do coração.

Você que conhece o José Raul Teixeira, que ouviu ao menos algumas de suas palestras inspiradas, imagine, leitor, a emoção causada a todo o público e, em especial a nós, pela conclusão da exposição do nosso irmão com esse poema em forma de prece. Pois o Raul declamou-o de cor, com bela entonação e sem qualquer titubeio, após quase uma hora de palestra...
Durante mais de vinte anos, guardei comigo a fita, como incentivo ao meu pequenino esforço em aprender para melhor servir essa doutrina maravilhosa, que é o Espiritismo. Um dia, num dos reencontros com o Raul, em Brasília, presenteei-o com a gravação de sua inesquecível palestra. Ele a recebeu com carinho e, bondoso como sempre, guardou a lembrança.
Parabéns, Raul, o abraço que lhe demos hoje eu, minha esposa e amigos, mais do que lhe transmitir boas vibrações, as quais não possuo, beneficiou-nos com suas energias de servidor de Jesus. Que possamos seguir seu exemplo de vida, totalmente dedicada à divulgação e exemplificação dos ensinamentos espíritas cristãos.






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Um comentário:

  1. Obrigado, amigo. Tudo passa, nesta vida, menos o amor. Que nosso Mestre Jesus Cristo nos guie os passos e os braços nas tarefas do bem.

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