sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Iniciação aos clássicos espíritas





Memórias do Padre Germano

Amalia Domingo Soler

Parte 11

Continuamos o estudo metódico e sequencial do livro Memórias do Padre Germano, com base na 21ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo constitua para o leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. Que recomendação Padre Germano fez com relação aos presidiários?
B. Padre Germano era contra os conventos?
C. Que dizia Padre Germano a respeito do celibato religioso?
D. Que é que Padre Germano falou sobre os santos do Catolicismo?
E. Qual é o verdadeiro patrimônio dos egoístas?

Texto para leitura

140. Muitos anos depois, um velho coberto de andrajos apareceu a Germano pedindo uma esmola destinada a crianças cujos pais estivessem encarcerados. Fazia dez anos que o ancião assim procedia, em homenagem à memória de alguém que o havia salvo das mãos dos Penitentes Negros. Todos os anos, no dia 1º de janeiro, a coleta era repartida por vinte meninos e, ao fazê-lo, o velho lhes pedia orassem pela alma de seu benfeitor – o Padre Germano. A narrativa comoveu-o profundamente, porque ele estava diante do mesmo Lauro, a quem havia ajudado e que supunha estivesse Germano morto.  (P. 297)
141. Parece que a morte apenas aguardara o reencontro dos dois amigos, pois Lauro, logo que se retirou daquela aldeia, tropeçou em falso, despenhou-se numa rampa e morreu, sendo seu corpo sepultado por Germano ao lado da menina pálida dos cabelos negros. (P. 298)
142. Padre Germano, em face de sua experiência, pede-nos com ênfase: “Amai! amai muito os presos! Procurai instruí-los. Justo é, decerto, castigar o delinquente, mas convém, por mais justo, fazê-lo abrindo-lhe as portas da regeneração. Triturando, espezinhando o corpo do preso, apenas levais o desespero à sua alma, e ai! – não espereis ações generosas de espíritos desesperados”. Germano lembra que não adianta abrir Ateneus e Universidades, se antes não começarmos a instruir os criminosos, cuja ignorância os condena a perpétua servidão. (PP. 298 e 299)
143. No cap. 27, intitulado “Os votos religiosos”, Padre Germano abomina os conventos e a clausura imposta às mulheres que professam. “De uma mulher sensível é lícito esperar todos os sacrifícios e heroísmos”, assevera o pároco, que, no entanto, adverte: “se amando, ela é um anjo, transforma-se em demônio quando, fanatizada por qualquer credo religioso, a Humanidade lhe é indiferente”. “O demônio... Ah! se essa entidade existisse, se o Espírito do mal tivesse razão de ser, certo se encarnaria nas mulheres fanáticas.” (PP. 302 e 303)
144. Ouvindo tais mulheres em confissão, Germano chegava a ficar petrificado. Ignorância, servilismo e, no fundo de tudo, quanta imoralidade! “As mulheres, pode-se dizer, fazem falta em qualquer parte, menos nos claustros e nos bordéis.” (PP. 304 e 305)
145. Nesse capítulo, Padre Germano conta o caso de uma jovem de nome Eloísa, a quem, por ser filha espúria de determinada dama da sociedade, o pai destinou à vida religiosa. Ajudado por Miguel, que mais tarde se tornaria seu fiel colaborador na igreja da aldeia, o Padre conseguiu libertar a moça minutos antes de professar. Levada por ele a seu verdadeiro pai, Eloísa acabou casando com o rapaz a quem amava. Finalizando o caso, Germano confessa, com profunda satisfação, ter evitado, na última vez que viveu na Terra, mais de quarenta “suicídios”, isto é, votos religiosos. (PP. 308 a 312)
146. Suas ideias a respeito são absolutamente claras. Ele sempre desejou que a mulher amasse a Deus “engrandecendo-se, instruindo-se, moralizando-se, humanizando-se, e não com essas virtudes tétricas e frias, que excluem o altruísmo e o perdão”, informando que as mulheres que vivem em comunidades religiosas não se amam, nem se podem amar, uma vez que desdenham a educação do sentimento. “Mulheres! – conclama Padre Germano – adorai a Deus embalando o berço dos vossos filhos, ajudando vossos pais, auxiliando vossos maridos, consolando os necessitados.” (PP. 312 e 313)
147. Criticando o celibato religioso, Germano é peremptório: “Homens e mulheres só foram criados para se unirem debaixo das leis que regem a constituição da família, vivendo moralmente, sem violar os votos contraídos. Tudo quanto se afasta das leis naturais há de produzir o que até agora se tem visto: sombras densas, obscurantismo fatal, superstição religiosa, negação do progresso e desconhecimento de Deus”. E acrescenta: “A escola materialista deve sua origem ao abuso das religiões”. (P. 314)
148. Soou a hora, adverte Padre Germano, de remover do Cristianismo as invencionices e os dogmas que tanto o desfiguraram, como as ideias de purgatório, inferno, limbo e céu – lugares inventados pela casta sacerdotal –, e proclamar a todas as gentes que não há, nos limites da eternidade incalculável, senão duas coisas – o futuro e o progresso.  (P. 314)
149. A substituição dos deuses do Paganismo pelos santos do Catolicismo, eis a perdição da Humanidade – assevera Padre Germano no cap. 28, intitulado “O inverossímil”, onde afirma que muitos dos supostos santos hão de inspirar-nos a mais profunda compaixão, quando os virmos despojados de suas vestes pomposas, errantes, frenéticos e sem bússola que os guie na vida. (P. 318)
150. Afirmando não ter sido santo, Germano diz ter vivido muitos séculos estudando muito: “Cheguei a ser um sábio, como vulgarmente se diz na Terra, e, contudo, quanto mais ignorante me reconhecia!” Foi assim que compreendeu que devia empregar sua sabedoria, não em pronunciar discursos eloquentes, mas em educar-se a si mesmo, em moralizar-se, para refrear suas paixões e compreender seus direitos e deveres. Eis – afirma ele – o segredo da proficuidade de sua existência como Padre Germano. (P. 319)
151. Quando o homem só pensa em si, como as aventuras terrenas são flores de um dia, surgem logo as folhas secas – e são elas o patrimônio do egoísta, que só pensa na satisfação dos seus apetites. Ocorre exatamente o contrário com aquele que cuida do futuro, que deseja calcar a felicidade em bases sólidas, sem esquecer um só dos seus deveres. (P. 320)
152. “Não podeis – diz Padre Germano – imaginar o patrimônio do homem que sabe amar. Eu vo-lo afirmo, no entanto, que esse homem é mais poderoso que todos os Crésus e Césares da Terra.” E, fechando o capítulo, assevera: “A moral universal será a lei de todos os mundos. Trabalhai para o seu advento e sereis felizes”. (PP. 323 e 324)
153.  No cap. 29, Padre Germano recorda o menino André, que ele adotou ao ver morrer sua mãe, quando mal começava o sacerdócio. Certa tarde, quando o menino dormia na areia de uma praia, Germano teve pensamentos contraditórios acerca da criança, e súbita transformação se operou nele, parecendo-lhe então encontrar-se em pleno mar, onde havia homens de todas as raças e hierarquias, pontífices, chefes de Estado, chefes da Igreja, ao lado de turbas e turbas de maltrapilhos, os quais em dado momento se confundiam, trocando-se os papéis. Foi então que lhe apareceu Jesus, dizendo-lhe: “Que fazes aqui desterrado? No começo da jornada, dar-se-á o caso de já te faltarem forças para prosseguir no caminho? Dizes-te árvore seca... Ingrato! Pois não sabes que não há planta estéril, uma vez que em todas palpita a seiva divina e fecunda? Ergue os olhos ao céu e segue-me; sê apóstolo da única religião que deve imperar no mundo – a Caridade – que é amor! Ama e serás forte! Ama e serás grande! Ama e serás justo!” (PP. 326 e 328)
154. Em seguida, súbita tempestade ameaçava de morte quantos a ela se expusessem e Germano viu uma cena comovente, em que mulheres, velhos e crianças gesticulavam súplices ao mar, para que o mar se acalmasse. Diziam os velhos: “Não tragues nossos filhos, ó mar! pois morreremos de fome!” E as mulheres soluçavam e os meninos gritavam por seus pais! Germano os acudiu e estendeu a destra, convencido de que Jesus o ouviria e pacificaria o mar. Foi o que se deu. Trazendo na mão o ramo de oliveira e agitando-o sobre as vagas, o Senhor acalmou a tempestade, enquanto Germano, braços estendidos, dizia: “Jesus! salva os bons, que são a tua imagem na Terra; e salva também os maus, para que tenham tempo de arrepender-se e entrar no teu reino!” (P. 329)
155. Desde esse dia, Germano consagrou-se a Jesus, tratando de imitar-lhe as virtudes, com o que alcançou maior progresso naquela encarnação do que em outras anteriores, nas quais se dedicara somente à Ciência, sem procurar reunir à sabedoria o sentimento do amor. “Foi na orla do mar – revela Germano – que recebi o batismo da vida e é esse o sítio no qual o homem deve, de preferência, genufletir para adorar a Deus, porque é ali que Ele se apresenta em toda a sua imponente majestade.”  (PP. 330 a 332)
156. Em “Uma noite de Sol”, título do cap. 30, Padre Germano assevera que todos os planetas têm o seu dia de glória e a Terra tê-lo-á também; para isso, compete-nos trabalhar, trabalhar com afinco, preparando o advento aqui do reinado da Justiça que um dia irá imperar em nosso orbe, em soberba apoteose. (P. 335) (Continua na próxima edição.)

Respostas às questões preliminares

A. Que recomendação Padre Germano fez com relação aos presidiários?
Padre Germano pede-nos com ênfase em seu livro: “Amai! amai muito os presos! Procurai instruí-los. Justo é, decerto, castigar o delinquente, mas convém, por mais justo, fazê-lo abrindo-lhe as portas da regeneração. Triturando, espezinhando o corpo do preso, apenas levais o desespero à sua alma, e ai! – não espereis ações generosas de espíritos desesperados”. Segundo Germano, não adianta abrir Ateneus e Universidades, se antes não começarmos a instruir os criminosos, cuja ignorância os condena a perpétua servidão. (Memórias do Padre Germano, pp. 298 e 299.)
B. Padre Germano era contra os conventos?
Sim. Suas ideias a respeito disso são absolutamente claras. Ele sempre desejou que a mulher amasse a Deus “engrandecendo-se, instruindo-se, moralizando-se, humanizando-se, e não com essas virtudes tétricas e frias, que excluem o altruísmo e o perdão”. “Mulheres! – conclama Padre Germano – adorai a Deus embalando o berço dos vossos filhos, ajudando vossos pais, auxiliando vossos maridos, consolando os necessitados.” (Obra citada, pp. 312 e 313.)
C. Que dizia Padre Germano a respeito do celibato religioso?
Ao criticar o celibato religioso, Germano é peremptório: “Homens e mulheres só foram criados para se unirem debaixo das leis que regem a constituição da família, vivendo moralmente, sem violar os votos contraídos. Tudo quanto se afasta das leis naturais há de produzir o que até agora se tem visto: sombras densas, obscurantismo fatal, superstição religiosa, negação do progresso e desconhecimento de Deus”. E acrescentou: “A escola materialista deve sua origem ao abuso das religiões”. (Obra citada, pág. 314.)
D. Que é que Padre Germano falou sobre os santos do Catolicismo?
Ele entendia que a substituição dos deuses do Paganismo pelos santos do Catolicismo fora um erro e também a perdição da Humanidade. Disse ele que muitos dos supostos santos hão de inspirar-nos a mais profunda compaixão quando os virmos despojados de suas vestes pomposas, errantes, frenéticos e sem bússola que os guie na vida. (Obra citada, pág. 318.)
E. Qual é o verdadeiro patrimônio dos egoístas?
As folhas secas, eis o patrimônio do egoísta que só pensa na satisfação dos seus apetites. Ocorre o contrário com aquele que cuida do futuro, que deseja calcar a felicidade em bases sólidas, sem esquecer um só dos seus deveres. “Não podeis – diz Padre Germano – imaginar o patrimônio do homem que sabe amar. Eu vo-lo afirmo, no entanto, que esse homem é mais poderoso que todos os Crésus e Césares da Terra.” (Obra citada, pp. 320 a 324.)


Nota:
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