sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Iniciação aos clássicos espíritas




Cristianismo e Espiritismo

Léon Denis

Parte 8

Continuamos o estudo do livro Cristianismo e Espiritismo, que vimos realizando conforme a 6ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, baseada em tradução de Leopoldo Cirne.
Esperamos que este estudo constitua para o leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. O ensino católico a respeito do surgimento de Adão é respaldado pela ciência?
B. Analisando o Protestantismo em confronto com o Catolicismo, Léon Denis elogia o primeiro. Que é que ele diz de positivo acerca da obra da Reforma?
C. Por que os estudiosos espíritas consideram o materialismo um perigo real?

Texto para leitura

91. A Igreja ensina que um primeiro homem apareceu na Terra, há seis mil anos, em estado de felicidade, de que decaiu em consequência do pecado. A Antropologia pré-histórica faz recuar a existência da Humanidade a épocas muito mais remotas e nos mostra o homem, a princípio, no estado selvagem. (P. 112)
92. A Igreja que, durante tantos séculos, ensinou, regeu, dirigiu o mundo, sempre ignorou, na realidade, as verdadeiras leis da vida e do Universo. Seu ensino sobre a ordem e a estrutura do Universo, a vida da alma e os poderes psíquicos do ser, foi sempre errôneo. (P. 113)
93. É, todavia, uma imperiosa necessidade que todos os homens possuam uma noção precisa do objetivo da existência, o que são, donde vêm, para onde vão, como e por que devem agir, visto que esse conhecimento pode guiá-los e ampará-los nas horas difíceis. (P. 116)
94. O catecismo tem sido o único meio de educação moral ao alcance de todos, mas esse ensino no âmbito da Igreja é todo superficial e de memória, e por isso não penetra na alma humana, deixando-a à mercê das ideias materialistas. (P. 117)
95. Os povos latinos, nos quais a educação católica desenvolveu o sentimento e a imaginação em detrimento da razão, se entusiasmam facilmente e adotam ideias não pensadas com critério, que muitas vezes os levam à perda e à ruína. (P. 119)
96. Esses defeitos não se encontram no mesmo grau nas sociedades protestantes. Nelas a instrução é mais desenvolvida, as conversações são mais sérias, a maledicência mais atenuada. Na maioria dos povos católicos, a religião é uma mera questão de forma, um partido político, antes que uma convicção, e a moral evangélica é por eles cada vez menos observada. (P. 119)
97. Seria injusto, sem dúvida, atribuir à Igreja todos os defeitos dos latinos; mas é indubitável que o Catolicismo agravou esses defeitos,  aniquilando, com sua doutrina da fé cega, o emprego da razão e o espírito de observação. (P. 120)
98. A doutrina de Jesus, tal como se expressa nos evangelhos e nas epístolas, é doutrina de liberdade. Foi por terem desconhecido esse fato que os chefes da Igreja oprimiram as consciências e impuseram a fé, fazendo da história do Catolicismo o calvário da Humanidade. (P. 122)
99. O Protestantismo, em seu culto e em suas prédicas, aproxima-se da simplicidade e das concepções dos primeiros cristãos. Não despreza a razão, como faz o Catolicismo. Sua moral é mais pura e sua organização é sem fausto. (P. 124)
100. O Protestantismo estabelece o livre exame, a livre interpretação das Escrituras, favorecendo assim o entendimento e a instrução, considerada perigosa pela Igreja. Contudo, por maior que seja a obra da reforma do século XVI, ela não poderia satisfazer as necessidades atuais do pensamento, pois conservou dos dogmas da Igreja muita coisa inaceitável. (P. 124)
101. Lutero proclamava a divindade de Jesus; Calvino impunha os dogmas da Trindade e da predestinação. A “Declaração de la Rochelle” afirma o pecado original, o resgate pelo sangue do Cristo, as penas eternas e a condenação das crianças mortas sem batismo. (P. 125)
102. Às aspirações modernas são necessárias outras expressões, outras formas, outras manifestações religiosas. (P. 126)
103. Vimos quais foram as consequências da educação religiosa na França. Deduz-se então desse estado de coisas que o ensino leigo lhe é preferível? Sem dúvida que o ensino leigo produz efeitos opostos aos que indicamos, pois confere aos homens o espírito de independência, eximindo-os da tutela governamental e religiosa; mas ao mesmo tempo enfraquece a disciplina moral, sem a qual não se pode manter coesa a sociedade. (PP. 127 e 128)
104. O materialismo e o Positivismo reinam quase exclusivamente nas altas esferas políticas, repletas de inteligências buriladas pelo ensino superior, e contribuem, como o Catolicismo, para deprimir os caracteres e as vontades. (P. 129)
105. É em vão que se preconiza a moral, independente de qualquer crença ou religião. Quanto mais se espalham as concepções materialistas e ateístas, mais se subtraem as consciências aos princípios de moralidade. O Sr. Emílio Ferrière confessa em sua obra “A causa primária” que a ciência materialista é incapaz de organizar um plano lógico de moral.  (P. 129)
106. Reação vigorosa e inevitável contra os dogmas e as superstições, o materialismo penetrou em todas as camadas da sociedade francesa. Nos espíritos cultos ele se adorna com o nome de Positivismo. (P. 130)
107. Em compensação, no domínio da Ciência, as ideias materialistas perderam em grande parte a influência, graças às experiências da moderna Psicologia, que têm demonstrado sobejamente que tudo não é apenas matéria. (P. 131)
108. Segundo as teorias materialistas, o homem não passa de máquina governada por instintos. Ora, uma máquina não tem liberdade, nem responsabilidade, nem se sujeita a leis morais, sem o que a ideia do dever inexiste. (PP. 134 e 135)
109. É por isso que o materialismo e o ateísmo conduzem à depressão das forças sociais e, muitas vezes, até à anarquia e ao niilismo, lançando no domínio do pensamento uma noção acabrunhadora do futuro, o que faz com que o fardo das misérias se torne mais pesado ao homem e as perspectivas da existência mais sombrias. (P. 135)
110. A escola materialista nega o livre-arbítrio e a sobrevivência do ser, nega Deus, o dever, a justiça e todos os princípios sobre que repousam as sociedades humanas, sem se preocupar com o que pode resultar de semelhantes ideias. (P. 136)
111. Os materialistas ignoram que a vida do Espírito é eterna, que a morte não é mais que uma transição, que o Universo é o campo de educação do espírito imortal, e a vida, o seu conduto de ascensão para um ideal mais belo. (P. 137)
112. A ciência da matéria, quando ensina que a fatalidade e a força regem o mundo, aniquila todo impulso, toda energia moral nos fracos e nos deserdados da existência, e faz penetrar o desespero no lar de inúmeras famílias. (P. 139)
113. Os materialistas não percebem das coisas mais que a aparência e a superfície. Eles não conhecem da vida infinita senão os aspectos inferiores. O sonho deles é um pesadelo. (PP. 140 e 141) (Continua na próxima edição.)

Respostas às questões preliminares

A. O ensino católico a respeito do surgimento de Adão é respaldado pela ciência?
Não. O ensino católico sobre a ordem e a estrutura do Universo, a vida da alma e os poderes psíquicos do ser, foi sempre errôneo. A Igreja ensina que um primeiro homem apareceu na Terra há seis mil anos, em estado de felicidade, de que decaiu em consequência do pecado. A Antropologia pré-histórica faz recuar a existência da Humanidade a épocas muito mais remotas e nos mostra o homem, a princípio, no estado selvagem. (Cristianismo e Espiritismo, cap. VIII, pp. 112 e 113.)
B. Analisando o Protestantismo em confronto com o Catolicismo, Léon Denis elogia o primeiro. Que é que ele diz de positivo acerca da obra da Reforma?
Nas sociedades protestantes a instrução é mais desenvolvida, as conversações são mais sérias, a maledicência mais atenuada. Na maioria dos povos católicos, a religião é uma mera questão de forma, um partido político, antes que uma convicção, e a moral evangélica é por eles cada vez menos observada. O Protestantismo, em seu culto e em suas prédicas, aproxima-se da simplicidade e das concepções dos primeiros cristãos. Não despreza a razão, como faz o Catolicismo. Sua moral é mais pura e sua organização é sem fausto. O Protestantismo estabelece o livre exame, a livre interpretação das Escrituras, favorecendo assim o entendimento e a instrução, considerada perigosa pela Igreja. Contudo, por maior que seja a obra da reforma do século XVI, ela não poderia satisfazer as necessidades atuais do pensamento, pois conservou dos dogmas da Igreja muita coisa inaceitável. (Obra citada, cap. VIII, pp. 119 a 124.)
C. Por que os estudiosos espíritas consideram o materialismo um perigo real?
Segundo as teorias materialistas, o homem não passa de máquina governada por instintos. Ora, uma máquina não tem liberdade, nem responsabilidade, nem se sujeita a leis morais, sem o que a ideia do dever inexiste. É por isso que o materialismo e o ateísmo conduzem à depressão das forças sociais e, muitas vezes, até à anarquia e ao niilismo, lançando no domínio do pensamento uma noção acabrunhadora do futuro, o que faz com que o fardo das misérias se torne mais pesado ao homem e as perspectivas da existência mais sombrias. A escola materialista nega o livre-arbítrio e a sobrevivência do ser, nega Deus, o dever, a justiça e todos os princípios sobre que repousam as sociedades humanas, sem se preocupar com o que pode resultar de semelhantes ideias. Os materialistas ignoram que a vida do Espírito é eterna, que a morte não é mais que uma transição, que o Universo é o campo de educação do espírito imortal, e a vida, o seu conduto de ascensão para um ideal mais belo. Basta isso para ver nessas doutrinas um perigo concreto. (Obra citada, cap. VIII, pp. 134 a 137.)

Nota:
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