sábado, 7 de abril de 2018





Superioridade da natureza de Jesus
   
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

— Boas noites! Conforme combinado na última crônica, comentaremos a situação dos Espíritos puros, com ênfase em Jesus, começando pela revelação do Espírito Georges.
— E que Georges revelou, caro Jó?
— Amigo Machado, esse nobre Espírito, responsável por algumas mensagens de cunho elevado, na obra de Kardec, disse o seguinte:

Falemos das últimas espirais da glória, habitadas pelos Espíritos puros. Ninguém as atinge antes de haver atravessado os ciclos dos Espíritos errantes. Júpiter está no mais alto grau da escala. Quando um Espírito, longamente purificado por sua estada nesse planeta, é julgado digno da suprema felicidade, é disso advertido por um redobramento de ardor. Um fogo sutil anima todas as partes delicadas de sua inteligência, que parece irradiar e tornar-se visível. Deslumbrante, transfigurado, ele clareia a luz que parecia tão radiosa aos olhos dos habitantes de Júpiter. Seus irmãos reconhecem o eleito do Senhor e, trêmulos, ajoelham-se ante a sua vontade. Entretanto, o Espírito escolhido eleva-se, e os céus, na sua suprema harmonia, lhe revelam belezas indescritíveis.
À medida que sobe, compreende, não mais como na erraticidade, não mais vendo o conjunto das coisas criadas, como em Júpiter, mas abarcando o infinito. Sua inteligência transfigurada eleva-se como uma flecha até Deus, sem tremor e sem terror, como num foco imenso alimentado por mil objetos diversos. O amor, nesses diversos Espíritos, reveste a cor de sua personalidade. Eles se reconhecem e se regozijam. Refletidas, suas virtudes repercutem, por assim dizer, as delícias da visão de Deus e aumentam incessantemente com a felicidade de cada eleito. Mar de amor que cada afluente aumenta, essas forças puras não ficam mais inativas que as forças de outras esferas. Logo investidos do dom da ubiquidade, abrangem ao mesmo tempo os detalhes infinitos da vida humana, desde a sua eclosão até as últimas etapas. Irresistível como a luz, sua vista penetra por toda parte simultaneamente e, ativos como a força que os move, espalham a vontade do Senhor. Como de uma urna cheia escapa a onda benfazeja, sua bondade universal aquece os mundos e confunde o mal. (KARDEC. Revista Espírita, out. 1860).

— Interessante, Jó, o que ocorre com Espíritos tão elevados a ponto de se destacarem de mundos felizes, como é o caso de Júpiter, o mais puro dentre os do nosso Sistema Solar.
— É verdade, Machado, pelo que lemos na mensagem de Georges, percebemos que esses são Espíritos que alcançaram a ventura de estar junto de Deus, por já transcenderem a Erraticidade, estado dos Espíritos sujeitos à encarnação.
— Isso mesmo, Emmanuel. Enquanto sujeita à encarnação, a alma é considerada “Espírito errante”, como lemos na questão 224 d’O Livro dos Espíritos.
— Deduz-se disso logicamente, Jó, que saindo desse estado o Espírito não mais está sujeito a reencarnar, pois terá atingido seu objetivo, que supera essa necessidade mesmo em mundos superiores como Júpiter. Pois, como lemos na questão 226, “Não são errantes os Espíritos puros, os que chegaram à perfeição. Esses se encontram no seu estado definitivo” e, portanto, não mais têm de reencarnar em qualquer globo material. É o caso de Nosso Senhor Jesus Cristo. Quem tem olhos que veja!
— Obrigado, nobre Emmanuel. Seus esclarecimentos, somados aos dos Espíritos superiores, n’O Livro dos Espíritos vêm ao encontro do que entendemos ser o Espírito Crístico ou Messiânico, como é o caso de Nosso Senhor.
— O qual é reverenciado humildemente, Machado, por Allan Kardec, nestas palavras sobre a “Superioridade da Natureza de Jesus”:

Sem nada prejulgar quanto à natureza do Cristo, natureza cujo exame não entra no quadro desta obra, considerando-o apenas um Espírito superior, não podemos deixar de reconhecê-lo um dos de ordem mais elevada e colocado, por suas virtudes, muitíssimo acima da humanidade terrestre. Pelos imensos resultados que produziu, a sua encarnação neste mundo forçosamente há de ter sido uma dessas missões que a Divindade somente a seus mensageiros diretos confia, para cumprimento de seus desígnios. Mesmo sem supor que Ele fosse o próprio Deus, mas unicamente um enviado de Deus para transmitir sua palavra aos homens, seria mais do que um profeta, porquanto seria um Messias divino (KARDEC. A Gênese. Trad. Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro: FEB, 1995, cap. 15, it. 2).

— Nobre Emmanuel, isso está impresso desde a primeira edição d’A Gênese. Assim, fica bem claro que o Codificador do Espiritismo, em sua última obra, ainda se absteve de examinar a questão da natureza do Cristo, não é mesmo?
— Certamente, Jó. Esse era assunto para posterior estudo kardequiano, mais aprofundado e menos precipitado, como ocorre com os que se esquecem de que o Espiritismo é Doutrina dos Espíritos. Se ainda estivesse na Terra, certamente Kardec, com toda a modéstia que o caracteriza, diria aos que o idolatram:
Irmãos espíritas, uni-vos e respeitai as ideias dos que não pensam como vós. Há coisas, neste mundo, que ainda não vos é dado conhecer. Não discutais a natureza do Cristo, Governador espiritual da Terra, quando em Júpiter, mundo purificado, ao qual transcendeu, caberiam 1.200 globos como o vosso, e no Sol, onde se reúnem Espíritos puros como Ele1, caberiam mais de mil Júpiteres...
E Flammarion completaria: 
Há coisas mais profundas a discutir. A Terra não passa de mundículo, que pode ser mal comparado, num átomo, semelhante a um dos seus elétrons, cujo núcleo seria o Sol. Ambos invisíveis, no corpo do Universo, ante a grandeza de estrelas, muitas delas já extintas, outras sendo criadas. Tais estrelas deram origem a outros corpos celestes há bilhões de anos. Uma delas foi a supernova descoberta em 2015, cuja energia era equivalente a 570 bilhões de sóis. (FOLHA de São Paulo, 08 fev. 2016. A maior Supernova do Universo).
Reflitamos, por fim, nestas palavras de Davi, antes de encerrarmos, por hoje, nosso humilde diálogo:

Quando vejo o céu, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que fixaste; que é o homem, para dele te lembrares, e um filho de Adão, para vires visitá-lo? E o fizeste pouco menos do que um deus, coroando-o de glória e beleza. Para que domine as obras de tuas mãos, sob seus pés tudo colocaste (BÍBLIA de Jerusalém. Salmos, 8: 4- 7).




[1] Nota de Allan Kardec à questão 188 d’O Livro dos Espíritos.







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3 comentários:

  1. Jorge Leite de Oliveira7 de abril de 2018 às 20:49

    Também na décima frase, iniciada por: "- Obrigado,nobre Emmanuel. Seus escla-recimentos, [...]" ficou assim.

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  2. Jorge Leite de Oliveira7 de abril de 2018 às 20:53

    Corrigir, por favor, a terceira frase do diálogo, com palavra partida: "responsável".

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